quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

os sem-fome



Eu não tenho fome a noite. Muito raro. Mas existe um programa que todo mundo faz que é "jantar fora". Com amigos, com família, essas coisas. Os sem-fome como eu sofrem muito com essa atividade. Olhar um cardápio cheio de comidas quando você está sem fome é terrível. Você sabe que não vai aguentar comer o prato todo, e que vai deixar sobrar. Assim, os sem-fome, como eu, acabam pedindo sempre "saladinha". Sempre entendi que saladinha é a solução para os sem-fome, mas já não aguento mais comer saladinha. Primeiro que os restaurantes sempre erram e trazem a saladinha antes, e na hora que todo mundo janta você é obrigado a ouvir o barulho da mastigação alheia, com as mãos abanando sem garfo e faca. Depois que saladinha é fria e tem tempero ácido, e não é sempre que você, sem-fome e à noite, quer comer coisa fria com tempero ácido. Às vezes penso que até comeria um pedaço pequeno de carne, ou um pouco de macarrão, mas não muito, um pouco. Um mini risoto, mini filé a poivre, uns cinco capeletis seriam mil vezes melhor que a saladinha fria e azeda, mas não existe essa opção nos cardápios dos restaurantes. Na maioria dos lugares os pratos são sempre bem servidos. Dai vem o dilema: o que pega menos mal deixar sobrar? Carne nem pensar, imagina pedir um filé e largar mais da metade? Pecado. Peixe idem, é chato. O que pega menos mal deixar é macarrão, mas sempre vem o garçom depois perguntar se não gostei da comida, se estava ruim. É constrangedor. Além de dar raiva ter que pagar um prato inteiro e abandonar metade. Olha. Um cardápio de um restaurante deveria levar em conta os sem-fome e oferecer a opção do mini-menu. Ou petit-menu, no caso dos restaurantes franceses, por ai vai. E isso é sim o começo de um movimento que tou inventando. O movimento dos sem-fome à noite.

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