sexta-feira, 5 de setembro de 2008

a mesa de cada um




Desde que mudei de escritório tenho uma mesa impecável. Toda limpinha e sem pilhas, a não ser uma pequenina no cantinho com um caderno, uma agenda que ganhei do seu Paulo da pedreira e uma agenda de telefones sobre uns poucos papéis. Porta lápis, porta retrato dos filhos, calendário, telefone. A cada dia que chego aqui e vejo a minha mesa tenho orgulho de mim mesma. Eu nunca tive uma mesa arrumada na vida.
Vivo fazendo coleções inúteis que sempre coloco na minha frente, já trabalhei com milhares de bonequinhos de Kinder ovo me olhando, já trabalhei rodeada de pedras, já trabalhei com santinhos e talismãs rezando por mim e, claro, pilhas e pilhas de papéis e pastas. Daqueles que tornam a sua mesa um pântano completo onde tudo chafurda. Quantas vezes, por conta dessa minha desorganização, já não perdi contas ou documentos. Quantas vezes já encontrei, na procura por alguma coisa, um jornal de dois meses atrás. Agora não. Agora quando eu tiro migalhinhas da minha mesa. Às vezes lembro: ufa, nenhum bonequinho de kinder, nenhuma bobagem, nenhum enfeitinho. Alívio. Na hora de ir embora, coloco todos os papeis e plantas todos de volta no gaveterinho de pasta arquivo, guardo a caneta, desligo o micro e olho para minha mesa. Nem parece que é minha. O que será que isso significa na minha vida? Ou será que tenho Toc?

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