Como a sala ficou muito legal com a lareira, resolvemos atualizar a TV e compramos um daqueles modelos de parede, de tela plana, que parece um quadro. Minha mãe chama aquelas TVs de "TVs de LSD", e depois que ela inventou esse apelido, nunca mais conseguimos lembrar o nome certo da TV.
É a maior complicação colocar uma televisão daquelas na parede, pois tudo que estava antes no rodapé tem que ficar lá no alto, atrás dela: tomada de elétrica, de TV a cabo, telefone. Mas já que havia quebra-quebra, resolvemos ir fundo e quebrar mais ainda. Lá foi parar a TV no meio da parede, ocupando o lugar de um quadro (que obviamente está encostado num canto, coitado). A idéia de colocar uma televisão numa parede revoluciona tudo que já aprendi na vida sobre televisões. Quando ganhamos a nossa primeira, uma coloridinha de 14 polegadas, ganhamos um carrinho com rodinhas, daqueles metálicos, raquizinho. Depois compramos uma maior, de 16 polegadas, que não coube no raquizinho e que ficava numa bancada de madeira. Depois dessa, veio uma de 20 polegadas, toda preta, que, numa mudança de apartamento, ganhou um lugar especial que projetamos, eu e o Zé, com uma plataforma semi giratória que nunca funcionou muito bem. Um dia, depois de ganharmos uma grana a mais, colocamos essa de 20 no quarto e compramos uma sensacional TV de 32 polegadas, que nos parecia imensa (e ainda é, pelo menos se você olhá-la de lado). Ela ficou conosco doze anos, até que na semana passada foi para o nosso asilo. Sim, porque eu e o Zé temos um asilo de TVs. Como nunca sabemos o que fazer com as antigas e o Zé é super sentimental com nossas TVs, guardamos todas. "Quantas TVs vocês tem em casa?", pergunta a mulher do senso. "Sete", respondo, "mas ativas somente duas". Não que elas estejam doentes ou que não funcionem. Apenas não usamos.
Passamos a semana passada encantados com nossa TV - quadro - LSD, feito uns caipiras. "Tira a mão, menino", eu dizia aos filhos, pensando se devo mandar fazer uma capa para protegê-la.
- Lú, mas sabe qual a coisa mais legal dessa TV?
- As imagens HD, Zé?
- Não, não.
- O que, Zé?
- A Rádio Net.
- Rádio Net?
- É. Tem um canal na Net que só toca música.
- A outra TV também tinha.
- Mas essa tem uma proteção de tela "preta". Ela fica apagada, e a música dela vem do além. E tem uma rádio "anos 70" que é sensacional. A melhor das rádios.
Coisa mais estranha esse mundo moderno, se a gente pensar bem. Pois agora temos um quadro negro de LSD na parede que canta sozinho "Alone Again".
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