sexta-feira, 18 de julho de 2008

chora, franka, chora

desenho do luiz

Vocês não imaginam como tenho feito conquistas aqui no prédio novo de trabalho. A cada dia eu tento conhecer uma pessoa nova, não sei com que intenção, uma vez que não quero me tornar síndica, mas tenho pura curiosidade de saber quem é que pode estar lá em baixo no Café Freud, ou na portaria, ou no hall da garagem. Também faço o jogo da adivinhação - "é psicanalista ou não?" com todo mundo, e geralmente acerto. Para quem não sabe, tem muito psicanalista, psicólogo, analista, psiquiatra e terapeuta aqui, e como eu ainda não apredi a diferença da profissão de cada um deles, defino todos como defino todos como de uma só espécie: psicanalistas.
É bem mais fácil fazer amizade no Café Freud ou ao lado dos cinzeiros (temos dois, externos, um na entrada principal, num cantinho, e outro do lado de fora do Café Freud) do que na garagem, embora eu já tenha conseguido conversar com algumas pessoas enquanto espero o carro. A Beth, a dona do Café Freud, e a Maria Neusa, a ajudante dela, viraram minhas super amigas. A Beth já sabe de praticamente toda minha vida, até da minha lareira, e a Maria Neusa passou a me chamar de "Lucinha" na semana passada, o que eu considerei como uma consideração muito grande pela nossa relação.
Mas a coisa mais impressionante aqui é a quantidade de gente chorando no elevador. Não tem um dia que não dou de cara com um ou uma. É muito raro você ver alguém aos prantos na rua, em reuniões de trabalho e muito menos em obras, lugar que frequento muito. Mas aqui é coisa corriqueira. As pessoas vem, contam todos seus segredos nessas salinhas e saem chorando feito bebês. Olha, a última situação semelhante com choros que vivi na minha vida foi quando meus três filhos eram pequenos e brigavam. Mas aqui todo mundo é mega adulto, fico pensando o que esses psicanalistas fazem com esses pacientes. Sei lá, o problema é que com esse, os chorões, é impossível conversar. Acho que vou chorar pelo menos uma vez ao dia no elevador, talvez eu possa enturmar com eles também. E vou descer e dar uma idéia pra Beth: vender anti-depressivos no balcão dos salgadinhos e sanduiches. Ixi. Já pensou se meus vizinhos derem pra ler meu blog?

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