Quando eu era pequena, morava num prédio na Haddock Lobo. O nosso prédio era grande, de esquina, com 3 blocos, cada um com dois apartamentos. Existiam, no térreo, 3 halls de elevadores, todos parecidos, com lustre de cristal e quadros de cavalos e cavaleiros na parede. O nosso hall, o do meu apartamento, foi perdendo aos poucos os cristaiszinhos do lustre, pois os meninos do prédio tiravam um a um. Sempre tive um monte de cristais daquele lustre na minha caixinha de jóias. Os meninos do prédio costumavam presentear as meninas com pedaços daqueles lustres. Era um hábito.
O edifício tinha um salão de festas grande, que dava tanto para os pilotis do prédio quanto para o pátio interno, onde andávamos de bicicleta e patins. Minha mãe fazia os nossos aniversários ali. Era super caprichado. Ontem eu e a Ângela lembramos dessas festas e contamos para o Caio, meu cunhado.
- Sério que vocês davam festinhas naquele salão?
- É - lembrou a Ângela - e a mamãe caprichava pra burro. Tinha toalha decorada, brinde, chapeuzinho, pratinho e copinho decorado, palhaço, lingua de sogra, apito. Tinha até - lembra Lú - roupinha de guaraná caçulinha.
O Caio estranhou.
- Roupinha de guaraná caçulinha?
- É, Caio, não lembra? Nas festinhas as pessoas vestiam o guaraná para colocar na mesa - expliquei.
- Mas pra que vestir o guaranazinho?
- Sei lá, Caio. Pensando bem, não tenho a menor idéia. Acho que era apenas pra não ter um guaraná na mesa decorada.
- Um guaranazinho na mesa era feio? Que engraçado pensar isso.
- E a roupa dele era um vestidinho, que sempre combinava com o canudo - lembrou a Ângela - o guaranazinho ficava muito chique, parecido com a gente, as irmãs-de-vestidinho-do-prédio.
Hahaha. Divertido lembrar da roupa do guaranazinho.
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