Em alguns dias os meus finais de tarde são terríveis e confusos. Eu mal consigo acabar de trabalhar e já tenho que sair para levar ou buscar algum filho aqui e ali. A Nani tem aula de inglês num lugar onde ela não pode ir de ônibus, e eu acabo levando e buscando a garota, o Juca me pede para buscá-lo no Clube a noitinha, depois dos treinos dele, o Chico volta e meia me liga do metrô: "ô mãe, pode me pegar aqui?". Nos finais da tarde também tenho minhas amigas de crepúsculo, a Bê, a Fran, a Anna, e tem a minha irmã, a Ângela. Assim, nesses intervalos entre levar-buscar-pegar acabo me encontrando com elas, que também tem que levar-buscar-pegar filhos aqui e ali (o bom de encontrar com mulheres na mesma situação que você é que todo mundo compreende suas maluquices). E ai começa o festival da telefonação dentro do carro. Nossa, como o meu telefone toca nessa hora.
Bem. Estava saindo de casa ontem, estava com fome e peguei um pacotinho de biscoito.
"Vamos, Luciana minha filha".
Ela entra no carro com uma caixinha.
"Que é isso, Nana?".
"Torci o pulso, comprei essa munhequeira, mãe".
Deixo a Nana, pego uma avenida para voltar para casa. O telefone toca, podia ser o Juca, o Chico, a Bê, a Ângela... Atendi rápido, no carro, sem parar de olhar para frente.
- Alô. Alôôô.
Ixi. Atendi a bolacha Clube Social. Joguei a bolacha para o lado, o telefone tocando.
- Alô. Alô.
Hahaha. Atendi a caixa da munhequeira.
Terceira tentativa.
- Alô. Oi Juca.
Engraçado. Mas não tou maluca não. Olha como são parecidos, os três.
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