sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

franka de elite


Alguém aqui já foi vaiado por uma multidão?
Eu fui. Nesse carnaval.
Tava na praia. Tudo muito bom, areinha, marzinho, barquinho, comidinhas, solzinho. Tudo indo muito bem, tudo gostoso, até que eles apareceram. Os caras da Saveiro. Uma caminhonete meio velha, cheia de geladeiras de cerveja e atrás do carro, na caçamba, umas caixas de som enorme, com subwoofer e o caramba a quatro. Chegaram, estacionaram aquela traquitana no final da rua, com o bumbum virado pra praia e lascaram... ela. Aquela tal de Ivete Sangalo. Ô mulherzinha chata, ô musicas chatas. A altura do som era insuportável, e nossa casa estava a uns quinze metros dali. Ninguém conseguia falar, conversar, comer porque a Ivete tomava conta de tudo, berrando sem parar. Fomos pedir uma, duas, três vezes. "Podem abaixar um pouco? Tá atrapalhando". Os caras, uns fulanos bem barrigudos com diversas latinhas na mão, abaixavam, mas era só a gente virar as costas que a Ivete berrava de novo. Olha. Chegou uma hora, depois que o cedê tinha repetido umas vinte vezes que eu não aguentei. Fui até lá e tive um xilique. Um total e vergonhoso xilique. É errado dar xilique, mas quem disse que sou perfeita? Cheguei berrando. Berrando feito louca. "Tira essa música, por favor, é insuportááááááááááável! Chega, isso é muito chaaaaaaato! Não aguento maaaaaaaais!". Veio uma mulher, também com latinha na mão. "Veio pra praia pra quê? Qué silêncio vai pro hotelfazenda". Eu fiquei mais histérica. "Cheeeega! Que música chaaaaaaata, que insuportáááááááável!". Foi juntando gente e eu berrando, o cara dizendo que não ia baixar coisa nenhuma, eu berrando e a mulher me mandando protelfazenda, eu berrando mas, por mais que eu berrasse, a Ivete ganhava. "Vou chamar a polííííícia!". Olha, foi ai, nessa hora que aconteceu. A turma do cara da Saveiro, animados com a Ivete, começou a me vaiar. Úúúúúúúúúúú, eles começaram. E o povo da praia, e o povo da casa ao lado, e o povo do condomínio, todos engataram na vaia. Úúúúúúúúúúú. Eu gritando, a Ivete berrando, o povo me vaiando. Uma multidão, será possível que tanta gente tava gostando daquela música naquela altura? Que diabos era aquilo, carnaval tem lugar e hora, uma música (chata) não pode ocupar qualquer espaço. Que absurdo. Chamamos a polícia, que inacreditavelmente veio. Mais vaia, dessa vez pra todos nós, incluindo os dois guardas. Eles ficaram bravos, mandaram abaixar. "A senhora pode reclamar, mas a senhora toma cuidado para não chamar ninguém de bêbado, porque isso é ofensa e a senhora pode ter problemas", um deles me advertiu. Ganhamos a briga, a música foi abaixada, mas fiquei num estado deplorável. Dei um xilique e fui vaiada no meio da rua. Super baixaria, pensando bem. Tudo bem que era meu direito, mas dá licença. Explicar aquilo pros filhos, pros amigos dos filhos. Que vexame. O Juca sugeriu tirarmos uma foto com os guardas. Um deles fez até pose de tropa de elite. "A senhora pode colocar no orkut, se quiser", ele me disse. Franka vaiada na rua. Uau. Primeira vez na vida. Com direito a foto estilo tropa de elite. Cada uma.

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