Conheci a Eugênia no ano passado. Foi a primeira cantora que eu conheci na vida - excluindo a minha mãe, que sempre foi uma grande (e inédita) cantora de rua, sempre soltando a voz na Haddock Lobo e na Paulista ao lado das envergonhadas filhas (minha mãe nunca decorou direito letras de músicas e cantava todas em "na-na-nanããã"). Um tempo depois conheci também a Andréa Dutra, blogueira como eu e a Eugênia, simpaticíssima. Mas fora a minha mãe - que já vi em ação - nunca tinha visto nenhuma amiga cantora cantar, cantar mesmo, e confesso que fiquei super curiosa para saber como a coisa funcionava. Aliás, lembro também não conheço nenhum cantor homem - excluindo também um amigo blogueiro que não posso citar o nome aqui (mas que óbviamente todos sabem quem é).
A Eugênia deu um show aqui em São Paulo na semana passada e eu fui assistir. É maravilhoso ver um amigo cantar. Claro que dá vergonha no começo, pois você acha que a pessoa vai falar, lá na frente, todas as gracinhas e coisas engraçadas que ela fala nos restaurantes e nos bares, o que, claro, não acontece. Depois você se acostuma, e percebe que tem pessoas existem no mundo para isso: para cantar. Cantar para os outros, cantar para o mundo. O prazer que isso dá é uma coisa maluca.
A Eugênia começou o show dizendo que não ia cantar em português e nem em português (uma pena, pois ela cantando Lulu Santos - "quando um certo alguém..."- é demais, hahaha). Avisou que ia cantar as músicas que ela mais gostava, e que essas músicas eram em diversas línguas. O show foi um desbunde, bárbaro. Eu fiquei encantada com ela, as músicas e o show, e é somente isso que me faz fazer esse post. Encontrar alguém do mundo que existe para cantar, e descobrir que essa pessoa tem a coragem de cantar só o que gosta é das melhores coisas do mundo. Eu não entendo de música como o Neil, não canto como ela, não toco instrumento nenhum e meu itunes é um vexame. Mas cada-um, cada-um, e, se eu pudesse me desejar um futuro nessa vida, queria isso: existir para escrever e escrever só o que eu gosto. Acho que é ai que a gente existe com alguma plenitude. É ai que se chuta do balde de mediocridade. É só ai, nessa verdade, que existe alguma passarela sobre as perigosas avenidas que temos que atravessar.
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