(assim que eu receber uma foto minha com o vestido do avesso eu posto aqui)
Confesso que tenho preguiça de programar a roupa pra o dia do ano novo. Aliás, tenho preguiça de todas as coisas que considero chatas, e comprar roupa, pra mim, é super chato. Só de me imaginar naqueles micro provadores, tirando e colocando os sapatos, tenho vontade de morrer. Mas ano novo é pra ir de branco senão dizem que dá azar, e quem sou eu pra desafiar o destino assim.
Nunca vi tanta gente de branco como esse ano. Sempre acho que reveillon parece congresso de médicos. No hotel que nos hospedamos, eu esperando o Zé no hall e vendo aquele desfile. Branco, branco, branco. Até que surge um senhor. Calça branca, camisa branca... cinto branco, sapatos branco e maleta? Epa, aquele achei que era médico mesmo. Olhei bem, tinha a maior cara. Penso que para eles deve ser facílima essa fantasia.
Já eu tenho que me virar do avesso para vestir branco. Tenho uma única saia, que repito ano após ano. Mas essa sainha, de tanto ficar guardada no armário, ficou com um monte de manchas amareladas. Tipo roupa velha, daquelas manchas que não saem com uma aguinha na pia. E era impossível lavar a aquela altura do campeonato, na hora que arrumava a mala.
Putis grila. Como resolver? Calça branca não tenho, ir só de camiseta não dava. Foi quando lembrei que tenho um vestido preto que tem um forro branco. Hum, idéia. Tirei o vestido do armário. Inverti. Ele virou um vestido branco com o forro preto. Sem costuras para fora, uau. O único problema era a etiquetinha. Olhei e avaliei. Minha mãe, graças a Deus, me deu noções básicas de costura. Pregar botão, fazer barra, remendar, fechar buraquinhos e... descosturar coisas. Peguei a caixinha de costura e tic, tic, tic. Tirei. Nossa, que dádiva esse vestido, pensei. Ainda por cima, eu poderia me gabar para as minhas amigas Bê e Drake que, além de andar ao contrário na pista e na pracinha, eu virei o ano com a roupa do avesso. Deve dar a maior sorte, pensei, ainda mais se você faz a coisa sem querer, um acaso desses é demais. Enfiei na mala, satisfeita.
Mas as coisas não foram tão bem assim. Na hora de colocar, dez da noite, já atrasada pra festa, percebi uma coisa que acho que só as mulheres vão entender. É vergonhoso, mas aconteceu. O vestido é dum tecido meio grudento, feito roupa de ginástica. Ele em preto não marcava nada, mas gente, em branco, mesmo com o forro preto, marcava. E muito. A minha calcinha nova, que era branca, ficou toda decalcada no vestido. Minha barriga idem. O bumbum nem se fala. Juro que não entendi como uma roupa discreta como meu velho e bom vestidinho preto conseguiu ficar tão escandaloso. Fiquei com muita vergonha, mas não tinha mais jeito. Tive que ir assim. Vexame. Implorei ao Zé que descesse colado em mim até o carro e que me escoltasse a cada vez que levantasse. Óbvio que ele não deu a mínima. Só desencanei depois de uma cervejas e um tanto de champanhinha.
E assim passei o ano novo: com uma roupa ao contrário e com a calcinha aparecendo.
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