quarta-feira, 22 de agosto de 2007

franka, primata

Adoro livros de macaco. Sabe esses livros que comparam o comportamento dos macacos com o comportamento dos humanos? Onde você descobre que a gente é super parecido com nossos ancestrais? Onde achamos explicações para todas as bobagens, selvagerias, vergonhas, acessos e coisas ridículas que a gente faz? Principalmente na TPM? Que alívio que é, para uma mulher, um livro de macaco. Pois é, e essa é a literatura predileta da Franka. Livro de macaco. No fundo é tudo a mesma coisa. Todos os nossos sentimentos, todos os nossos comportamentos estão lá, na sua essência. Quinta passada, quando fui pra o Rio naquela hora obscena que a gente é obrigado a acordar de manhã para pegar a ponte aérea das dez pras sete, entrei na livraria e dei de cara com esse livro. "Eu, primata". Frans de Waal. Um primatólogo. Uau. Dormindo, comprei. Tá, a capa é meio boba, dãr, bush-primata, e eu não li ainda (acho que sou a única pessoa que faz post-resenha de livro sem ter lido o livro). Mas vocês não imaginam a minha felicidade de ter esse livro de macaco sem ler. O que me empolga é a possibilidade de entender mais. A possibilidade, gente. Leio um tiquinho a cada dia. Meia página. Tipo economizando. Hahaha. Olha um trecho do começo, que genial.
- Quando uma bonobo chamada Kuni viu um estorninho trombar com a vidraça de sua jaula no Zoológico de Twycross, na Grã-Bretanha, foi ajudá-lo. Pegou o atordoado passarinho e com delicadeza o pôs em pé. Ao ver que ele não se mexia, deu-lhe um empurrãozinho, mas ele só agitou as asas. Kuni então subiu ao topo da árvore mais alta com o estorninho (...). Cuidadosamente, desdobrou-lhe as asas até abri-las bem, segurando-as entre seus dedos, após o que lançou o passarinho pelos ares (...). Mas ele não ultrapassou a barreira e aterrissou na beira do fosso. Kuni desceu da árvore e montou guarda por muito tempo ao lado do estorninho, protegendo-o de um jovem bonobo curioso (...).
O modo como Kuni lidou com a ave foi diferente de qualquer coisa que ela teria feito para ajudar outro primata. Em vez de seguir algum tipo de comportamento automático, ela adaptou seu auxílio à situação específica daquele animal totalmente diferente dela própria. (...) Esse tipo de empatia quase nunca é observado em animais, pois depende da capacidade de imaginar as circunstâncias do outro. Adam Smith, o pai da economia, deve ter tido em mente ações como a de Kuni, embora não executadas por um primata não-humano, quando, há mais de dois séculos, nos legou a mais duradoura definição de empatia: "imaginar-se no lugar do sofredor".

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