terça-feira, 22 de maio de 2007

um post para o mário prata



Eu gosto muito do Mário Prata. Ele foi a primeira pessoa do mundo que me deu força pra eu escrever crônicas. Sempre gostei de lê-lo no jornal. Ele é fácil de ler. Acredito em coisas fáceis de ler. Espero ser tão fácil de ler como ele é. E, se além de fácil de ler, o texto é engraçado, é melhor ainda. É o caso dele.
Um dia ele falou de banheiros numa crônica e resolvi escrever um e-mail para ele. Na época, em 2001, eu não costumava escrever para desconhecidos. Ainda mais para desconhecidos famosos. Hoje sou mais descolada pra coisa, mas na época me deu um pouco de vergonha de fazer aquilo. Achei que ele não me daria nenhuma bola, mas como tinha coisas importantíssimas a falar, tomei coragem e escrevi um e-meião. Me deu vergonha, não contei para ninguém. Uns dias depois, levei um susto. Ele respondeu. E mais. Disse que tinha adorado meu texto e que queria colocar na coluna dele. Se ele podia.
Eu fiquei apavorada. Que medo. Porque além das coisas que eu falava, que me pareciam meio bobas, ainda por cima todo mundo ia saber que eu escrevi para ele. Atrapalhada, respondi dizendo que podia, mas sei lá se podia mesmo. O que ele ia fazer com meu texto? Será que ia mudar tudo? Não tive coragem de perguntar. Boba eu. Fiquei super nervosa durante uma semana, só contei para o Zé. Ele falou um “ixi” bem estranho, desconfiado. "Aiaiai, o que foi que você escreveu, ô Lúcia?", ele perguntou, pedindo para ver o texto, preocupado com o futuro profissional dele.
Um dia antes eu nem conseguia dormir. O que eu tinha aprontado? Ora, eu pensava, eu não era ninguém, ele ia no máximo fazer uma citaçãozinha, talvez até sem nome: “uma leitora me escreveu e falou bla bla blá”. Na quarta feira, acordei e abri o jornal cuidadosamente. Santo Deus. Lá estava escrito, em letras garrafais: “O banheiro da arquiteta Lúcia”. Ixi. Era o meu email. Inteirinho. Na íntegra. Céus, que vergonha. Li e reli umas trinta vezes, antes do telefone começar a tocar sem parar. Alô, oi, é, sou eu mesma, alô, oi, é, olha que coisa, alô, ah, achou engraçado? Escrevi para o Prata, agradecendo, e ele ficou o dia todo me reencaminhando e-mails de pessoas que escreviam para ele sobre a crônica. Sobre a minha crônica, no jornal "O Estado de São Paulo"!. O máximo. A noitinha, ele me convidou para conhecê-lo num bar. Olha. Acho que foi o dia de maior sucesso na minha vida. Muita engraçada essa coisa de ser famosa por um dia. Ele me apresentava para as pessoas: olha, é ela! Olha, a arquiteta Lúcia. Ele ria, achando tudo muito divertido. As pessoas falavam de banheiro sem parar comigo. As pessoas adoram falar de banheiro. Até hoje eu sou a rainha dos banheiros, um dia até a Deca me chamou lá na loja deles para um coquetel. Virei a "Lúcia dos Banheiros".
Ficamos amigos, ele sempre enchendo minha bola. Colocou uma crônica minha dentro do livro dele, o “Buscando seu mindinho”, me publicou de novo no Estadão, “A máquina da Canabrava”. Publicou mais uma crônica minha no outro livro dele, “O diário de um magro II”. Lê todos os meus textos, dá opiniões e inúmeras broncas quando eu escrevo demais, me acompanha de longe. Leu todas as minhas peças e fala que eu sou uma putz dramaturga. Me manda os textos dele para eu opinar. É um amigo. Um super amigo. É demais encontrar pessoas que querem ajudar a gente assim, a troco de nada. Não tenho nada de ruim para falar dele. Então eu resolvi fazer esse post para ele. Um post para o Prata. Ele está lançando um livro agora e eu estou fazendo propaganda. É muito legal e vale a pena. Purgatório, a verdadeira história de Dante e Beatriz. Se eu estou aqui escrevendo todos os dias, é tudo culpa dele. E, em primeira mão em homenagem a ele, fiz um iútube revelação-bombástico ao som de tango: “Os banheiros da arquiteta Lúcia”.
Essa é a verdadeira história de Prata e Franka.
Valeu, Prata, querido.


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