terça-feira, 29 de maio de 2007

considerações sobre o "parabéns"



Sempre encanei com o "parabéns". Afinal, tirando os meus, já cantei 47 vezes para os meus filhos. O que significa que já fiz ao menos 47 festas, 47 bolos e 47 vezes muitos brigadeiros. Porque aniversário tem que ter bolo e brigadeiro.
Conheço muita gente que tem horror a parabéns. Que faz a festa e nem serve bolo de medo de cantarem a tal musiquinha para ela. Faço exatamente o oposto. Adoro parabéns, inclusive os que são para mim mesma, que eu mesma coordeno para ser cantado na hora “h”. Não tenho vergonha. É uma tradição que gosto de manter.
Noto, porém, que o parabéns muda com a idade. Quando meus filhos eram bem pequenininhos, lembro que eles não entendiam nada sobre aquela hora. Olhavam ao redor, assustados com a estranha cerimônia que incluía um monte de adultos cantando no escuro ao redor do fogo e que finalizava numa gritaria e num assopro. Ficavam com aquela cara de “o que será que está acontecendo?”. Porque pensa bem, gente. É bem esquisita essa tal cerimônia. Depois, ainda com eles, veio a fase do “com quem será”. Sempre detestei essa coisa do “com quem será” porque sempre a criança odeia o escolhido do “com quem será”. E chora. Quantas e quantas vezes meus filhos choraram na hora do “com quem será”. Estragava a festa esse “com quem será”, além de atrasar o assopro da vela, que muitas vezes se apaga antes da hora - o que é a pior coisa, o maior erro do parabéns, que tem que ser coordenado para ter o taimim certinho, uma vela não pode apagar antes nunca. Agora aqui em casa os parabéns não tem mais “com quem será”, mas tem inovações adolescentes, como começar a cantar de novo para atrapalhar e ficar fazendo "aaaaaaaaa" antes e não começar nunca.
O parabéns, para mim, quando é cantado certinho é muito legal. Me incomoda gente que não respeita a letra da música. Na hora do “pra o fulano nada?”, “tudo”, e do “então como é que é?”, “é pique, pique, pique”, por exemplo, as primeiras frase devem ser feitas por uma única pessoa, e a resposta deve ser grupal. Um absurdo gente que fala a pergunta e a resposta junto. Depois ainda tem o modo de cantar. Tem gente que canta sério, alto e tem gente que finge, envergonhado. É fácil reparar os que fingem. Geralmente ficam atrás, disfarçando.
No ritual, além da cantoria, ainda é preciso acertar detalhes importantes. O difícil é sempre a foto, que tem que ser bem na hora do sopro e no escuro. Depois as velas. As velas com o número tem que ficar viradas para a frente ou para trás? Na minha opinião para frente, para que os convidados vejam os anos, mas tem gente que inverte. Velinha de estrelinha esquece, uma vez fizeram as balas de coco da mesa pegar fogo, um perigo. Mas o detalhe mais importante, que eu nunca me lembro, é trazer antes a faca do bolo para o instante após o assopro, para a hora do desejo. Ah, e cortar o bolo de baixo para cima é essencial.



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