sexta-feira, 20 de abril de 2007

um dois três, sono profuuuundo...


Foi na quarta feira passada, antes de ontem. Sai toda animada no fim da tarde daqui dessa minha casa longíssima do centro para assistir uma peça nos Sátyros, lá na praça Roosevelt. "Impostura", da Marici Salomão, uma das peças que faz parte da mostra "sete autores, sete diretores". Cheguei cedão, passei e peguei o meu amigo Antônio Rocco no escritório dele, compramos ingressos e ficamos esperando ali, na porta, tagarelando. Foi quando apareceu um amigo dele, um outro diretor da mostra, o Mario Viana, e passamos a conversar com ele. Um cara divertido, engraçado. Foi quando aconteceu um negócio inacreditável. Quando eram sete horas, o Mário falou: "vamos entrar?". Levantamos mas, quando vimos, já era. Fomos informados pela mocinha simpática da bilheteria que não dava mais para entrar. Não deu pra acreditar. Tínhamos perdido a peça, segundo ela porque não ouvimos o sino. "Sino?", perguntei, "que sininho é esse?". Ela mostrou um sinão enorme, tipo de igreja, ali do lado. Aquilo devia dar um putz badalão. Bloooong.... "E eu badalei duas vezes", ela falou. Nos olhamos. Céus, como não ouvimos um badalo daquele tamanho? Como não vimos que a cortina abriu, como não vimos nada se estávamos a três metros de tudo aquilo? Parecia uma coisa assombrada, porque assolou nós três ao mesmo tempo. Uma das pessoas se distrair vá lá, mas as três? Na porta? A cinco passos da cortininha? Fiquei frustrada. Pensar que cruzei a cidade, que cheguei 45 minutos antes. Pô. Tentamos convencer a moça, ela foi categórica. Explicou que para se passar para a platéia, no Sátyros 1, é preciso cruzar o palco e isso é proibido. A mocinha, diante da nosso espanto, resolveu mostrar. Abriu a cortininha fazendo "shiiiu" e olhamos o palco lá no fundo. É. Já tinha começado mesmo. Visualizei uma luz forte e um homem sentado num sofá: era a nossa peça, sem a gente lá dentro. Pegamos nosso dinheiro de volta, desenxabidos, olhando um para a cara do outro e olhando o sinão. "Olha, eu acho que Sátyros está mal assombrado, gente", falei. "Alguma força maior, do além, nos mandou não ver a peça, está na cara". Eles concordaram, melhor não mexer com espíritos. Sentamos numa mesinha e ficamos nos olhando, até que o rosto do Mário se iluminou. "Ei, vocês não querem fazer outra coisa?", ele perguntou. E nos convidou para ver a pela dele, "Carro de Paulista", que estreava aquela noite no Teatro Folha. Acabamos indo, foi divertidíssimo. Bom, gente, mas avaliando depois, encasquetei. Não sei. Será que esse Mário não fez de propósito? Pensa bem. Acho hoje que o que houve tem a ver com ele. Será que ele não foi até a porta da peça, nos hipnotizou, nos distraiu e roubou dois espectadores para a peça dele? Áhá! E será que ele não faz isso todos os dias que tem peças dele em outros teatros? Áhá! Basta um curso básico de hipnose, que deve ter de monte por ai. Um, dois, três, sono profuuundo. Uau. Olha que idéia boa para conseguir público. Esse Mário é mesmo um gênio.

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