Fui almoçar com um colega de trabalho hoje, um ex-solteiro que acabou se casar. Comentávamos sobre como são diferentes as casas de um solteiro e de um casado.
- Fruteira, por exemplo – ele me disse – fruteira é um item que jamais existe na casa de um solteiro, pode reparar. Um solteiro sabe que raramente comerá um cacho inteiro de bananas, diversas maças, um melão, um abacate, pêras, mamões – ele explicou – fruteira é um item totalmente familiar.
Lembrei de um dia, anos atrás, quando fomos para os Estados Unidos e ficamos hospedados na casa de um amigo que morava sozinho. Um dia, enquanto eu o ajudava com a preparação do jantar, abri a geladeira e reparei que o local estava cheio de pequenos pratinhos e potinhos, cada um com um restinho de comida diferente. Eram inúmeros e tomavam todo o espaço útil. Esquisito.
- Ei. O que significam esses diversos pratinhos com essas pequenas comidinhas? – indaguei para ele.
Ele explicou, sério.
- Estou esperando apodrecer.
Estranhei. Hã?
- Está esperando... apodrecer?
- É – ele disse, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo – estou esperando tudo isso criar mofo.
- Não estou entendendo nada – desabafei - nada mesmo.
Ele explicou.
- Olha, entenda uma coisa. Imagine que eu coma uma lasanha congelada. Sobra um pedaço, e eu fico me sentindo super mal de jogar fora. Aqui nessa casa não tem ninguém para dar, nem para dividir a 'idéia' da sobra. Tudo que sobra aqui é totalmente culpa minha, você não entende como isso é pesado. Como eu não tenho coragem de jogar fora, então guardo até mofar. Bom, depois que mofa ou apodrece e a comida fica totalmente inviável para se comer, somos praticamente obrigados a jogar fora, não é? Olhe para isso – e ele tirou um pequeno bife seco, que deveria ter uns quatro dias e que já estava pretinho – você comeria isso?
- Fruteira, por exemplo – ele me disse – fruteira é um item que jamais existe na casa de um solteiro, pode reparar. Um solteiro sabe que raramente comerá um cacho inteiro de bananas, diversas maças, um melão, um abacate, pêras, mamões – ele explicou – fruteira é um item totalmente familiar.
Lembrei de um dia, anos atrás, quando fomos para os Estados Unidos e ficamos hospedados na casa de um amigo que morava sozinho. Um dia, enquanto eu o ajudava com a preparação do jantar, abri a geladeira e reparei que o local estava cheio de pequenos pratinhos e potinhos, cada um com um restinho de comida diferente. Eram inúmeros e tomavam todo o espaço útil. Esquisito.
- Ei. O que significam esses diversos pratinhos com essas pequenas comidinhas? – indaguei para ele.
Ele explicou, sério.
- Estou esperando apodrecer.
Estranhei. Hã?
- Está esperando... apodrecer?
- É – ele disse, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo – estou esperando tudo isso criar mofo.
- Não estou entendendo nada – desabafei - nada mesmo.
Ele explicou.
- Olha, entenda uma coisa. Imagine que eu coma uma lasanha congelada. Sobra um pedaço, e eu fico me sentindo super mal de jogar fora. Aqui nessa casa não tem ninguém para dar, nem para dividir a 'idéia' da sobra. Tudo que sobra aqui é totalmente culpa minha, você não entende como isso é pesado. Como eu não tenho coragem de jogar fora, então guardo até mofar. Bom, depois que mofa ou apodrece e a comida fica totalmente inviável para se comer, somos praticamente obrigados a jogar fora, não é? Olhe para isso – e ele tirou um pequeno bife seco, que deveria ter uns quatro dias e que já estava pretinho – você comeria isso?
Eu tive asco e recuei. Ele suspirou.
- Quer saber? O mofo é um alívio para os solteiros. Voce não imagina como, lúcia.
E assim ele, alegremente, jogou o bifinho apodrecido no lixo.
- Quer saber? O mofo é um alívio para os solteiros. Voce não imagina como, lúcia.
E assim ele, alegremente, jogou o bifinho apodrecido no lixo.
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