sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

devedesquecida


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Toda a vez é a mesma coisa, que droga! Eu estou assistindo televisão, olho sem querer a estantinha que fica ao lado, onde estão os devedês e os vídeos velhos, e de repente...
Saco.
Os devedês da locadora. Ali, dormindo.
Não, de novo não.
Mais uma vez percebo que esqueci de devolver, ô desgraceira.
Sabe quando uma coisa é tão recorrente, mas tão recorrente, que você acha que nunca mais vai conseguir se livrar dela? Pois é mais ou menos esse meu problema com a locadora. Desde que adquiri o meu primeiro vídeo cassete, há exatos vinte anos atrás, que alugamos filmes e simplesmente esquecemos de devolver. Lembramos sempre uma semana depois, engraçado não ser dois dias e nem dois meses, mas sempre uma única semana, e saímos correndo para levar de volta, sempre xingando a nossa falta de organização. Hoje em dia a coisa tem piorado muito, pois como os meus filhos já tem autonomia para ir até a locadora e tirar os filmes sozinhos, às vezes vivo um pesadelo: vejo a capinha do devedê na estantinha e saio correndo pela casa para achar quem tirou e saber qual foi o dia da devolução.
Acho que já gastei uma fortuna incalculável com essa desatenção e desorganização, mas simplesmente não me entra na cabeça a coisa de devolver. Fazendo um cálculo rápido, se considerarmos que uma locação custa mais ou menos seis reais por dia atrasado, e, se eu devolvo sempre uma semana depois, para cada filme eu gasto uns quarenta e dois reais. Como nunca é um filme só, a brincadeira chega perto dos oitenta reais a cada esquecimento. Olha a burrice, olha só. Isso acontece ao menos uma vez por mês, o que representa novecentos e sessenta reais por ano, e, vezes vinte anos, dá algo como dezenove mil e duzentos reais.
Dezenove mil e duzentos reais, gente.
Dezenove mil e duzentos, é muito dinheiro, droga.
Não entendo de processos mentais, mas sempre tento analisar fenômenos esquisitos como esse, do esquecimento familiar da devolução de devedês na locadora. Porque se esquece as coisas? Ora, sempre existe um motivo por trás do ato. Do ato falho. Acho que a gente se esquece de devolver uma coisa porque quer a coisa para si. Ou seja, eu e minha família queremos ter os filmes que assistimos. Deve ser isso. Somos cinéfilos enrustidos, apaixonados ao extremo por essa arte, colecionadores não assumidos, ou ladrõezinhos baratos? Vai entender. Mas uma coisa eu sei: com dezenove mil e duzentos reais, eu comprava uma putz tv de plasma enorme pra minha sala e pelo menos uns 500 filmes.
E tchau. Deixa eu correr pra locadora devolver os filmes que achei ontem aqui.

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