domingo, 25 de fevereiro de 2007

de saltinho

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Aconteceu uma coisa muito engraçada num aniversário que fui na sexta feira. Era na casa de uns amigos, estava muito calor. A casa tinha um belíssimo jardim no fundo, e alguém da rodinha de amigos onde eu estava sugeriu que ficássemos lá fora conversando. Mais fresquinho.
Fomos. Chegamos num local agradável, perto de um espelho d´água, e retomamos a conversa. Porém alguém perguntou para uma das nossas amigas porque ela estava em pé em cima de um banquinho baixinho de pedra e não no chão, como todos nós. Ela estava enorme, a mais alta da rodinha, era engraçado, parecia uma estátua.
- Ah. É por causa do meu salto – ela explicou – com um salto fininho como o que eu estou usando hoje não dá para ficar parada na grama.
Eu comecei a rir. Lembrei, aliviada, que não estava de salto agulha. É super verdade o que ela falou, e acho que só as mulheres que já passaram por isso entendem. Olha. Ficar parada com um salto agulha num gramado é das experiências mais impressionantes do mundo. A sensação é que o mundo começa lentamente a girar e que tudo ao seu redor começa a afundar – na verdade, o que afunda lentamente é seu salto, e te leva a uma inclinação esquisitíssima para trás. Como é lento, você demora a perceber e acha tudo – que bebeu demais, que está na areia movediça, que está no meio de um terremoto – mas não é nada disso. É só a droga do saltinho. E mais. Depois de um certo afundamento, as vezes é preciso muita força para tirar o sapato de lá. Ou – como já aconteceu comigo num jardim de um buffet uma vez – você tenta andar, não consegue sacar o sapato do chão e quando vê está andando descalça. O sapato lá, enterrado.
Não, não é fácil ser mulher. Mulher chique então, nem se fala.
E deixamos a amiga lá em cima mesmo, a salvo.

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