Aconteceu na sexta feira, no dia 24 de junho.
Dia de São João, pra quem não sabe.
Fim de tarde. Acabei de trabalhar e fui passear de blog em blog, pitando um comentário aqui e ali. Quando passei na Sheila, li que um amigo dela chamado Jorge estava com um blog novo.
Lá fui eu. Um blog interessante o dele, mas daqueles com fundo preto. Acho tão estranho esses blogs pretos... O que leva uma pessoa a escolher um fundo preto pra escrever? Desde os primórdios da escrita que se escreve em preto sobre branco e não ao contrário. Sei lá, pode ser um jeito de viver a vida ao contrário, quem sabe? Uma hora perguntarei para ele.
Bom, comecei a ler o blog do Jorge. Era interessante, muitos poemas, fotos legais, arte e literatura. O post mais recente era sobre o dia de São João.
Ele contava um pouco da história do Santo e falava que existia uma tradição de se tomar vinho no dia de São João. Essa tradição mandava que todos da família tomassem vinho, até as crianças – para elas era necessário ferver o vinho com açúcar e fazer uma espécie de sangria. Tinha até uma receita. Bem, pelo menos foi alguma coisa assim que eu li, eu sou ligeiramente atrapalhada e tenho o dom de inventar um pouco, mas tenho certeza que li sobre o vinho e a sangria.
Hummm... vinho, pensei.
Legal.
Eu comprei algumas garrafas de vinho Periquita na semana passada, e como não veio ninguém aqui em casa e o Zé não toma vinho, acabei não abrindo nenhuma. Todo dia eu olhava pra elas e nada. Estava com vontade doida de tomar vinho e precisava de uma boa desculpa. Ora, pensei, uma desculpa dessas é uma maravilha. Uma desculpa de Santo tem credibilidade ímpar. Dei um suspiro satisfeito. É hoje.
O Zé chegou e eu logo avisei.
- Hoje é dia de São João e São João a gente brinda com vinho.
- De onde você tirou isso?
- De um blog. Reza a lenda que temos até que dar vinho para as crianças. Tipo sangria.
- Meu pai fazia sangria para a gente... – o Zé lembrou – Mas eu não tomo vinho que me dá dor de cabeça, você sabe. Toma você que eu tomo outra coisa.
- Eu vou tomar. É São João, Zé. E Santo é Santo.
Abri a garrafa, toda feliz. Bom, eu nunca fui muito boa de bebida, um copo de vinho já me deixa meio zonza, e eu acabei tomando dois copões enormes. Quando acabou o jantar, vi um pouco de tv e voltei para o micro, já meio zonza, para dar uma olhada nos e-mails e desligar. Fui aqui, ali e resolvi voltar no blog do Jorge.
Gente.
Esquisito.
Olhei para o blog dele e nada daquele post do São João e do vinho. Tinha sumido completamente. Era como se não existisse, nem o post, nem o Santo, nem os comentários, nada. Eu, que já estava meio bebadinha, fiquei encafifada. Será que eu sonhei? Cadê o Santo?
“Olha o que dá beber muito vinho”, pensei. Mas quando eu li o post eu não tinha bebido nenhuma gota, como é que podia uma coisa dessa? Será que foi uma mensagem de Deus que eu recebi via Internet? Olha as coisas que passam na cabeça da gente na hora que a gente está com álcool demais na cuca. Absurdo.
Encasquetada, fui descendo pelo blog até achar um e-mail. Escrevi para ele.
- Jorge, ou eu fiquei maluca ou tomei vinho demais. Não tinha um post sobre São João no seu blog?
Um pouquinho depois veio a resposta. Ele estava online, graças a Deus, ou melhor, graças ao São João.
- Tinha, lúcia, mas eu tirei porque era o São João errado, o Evangelista. Hoje é dia do Batista. Era vexame demais, tirei.
Gente, tomei vinho pro Santo errado. Ichi.
E daí a pouco entrou o Santo certo no blog. O Batista. Sem nenhuma história de vinho, só de batizado e de água. Nem sei se o Batista gosta de vinho, ô meu Deus.
Agradeci a explicação e desliguei o micro. É um perigo escrever em blogs depois de beber dois copões de vinho, sei disso.
E não tomei mais nenhuma gota naquele dia. São João Batista que me perdoe, mas juro, foi tudo culpa do Jorge.
Dia de São João, pra quem não sabe.
Fim de tarde. Acabei de trabalhar e fui passear de blog em blog, pitando um comentário aqui e ali. Quando passei na Sheila, li que um amigo dela chamado Jorge estava com um blog novo.
Lá fui eu. Um blog interessante o dele, mas daqueles com fundo preto. Acho tão estranho esses blogs pretos... O que leva uma pessoa a escolher um fundo preto pra escrever? Desde os primórdios da escrita que se escreve em preto sobre branco e não ao contrário. Sei lá, pode ser um jeito de viver a vida ao contrário, quem sabe? Uma hora perguntarei para ele.
Bom, comecei a ler o blog do Jorge. Era interessante, muitos poemas, fotos legais, arte e literatura. O post mais recente era sobre o dia de São João.
Ele contava um pouco da história do Santo e falava que existia uma tradição de se tomar vinho no dia de São João. Essa tradição mandava que todos da família tomassem vinho, até as crianças – para elas era necessário ferver o vinho com açúcar e fazer uma espécie de sangria. Tinha até uma receita. Bem, pelo menos foi alguma coisa assim que eu li, eu sou ligeiramente atrapalhada e tenho o dom de inventar um pouco, mas tenho certeza que li sobre o vinho e a sangria.
Hummm... vinho, pensei.
Legal.
Eu comprei algumas garrafas de vinho Periquita na semana passada, e como não veio ninguém aqui em casa e o Zé não toma vinho, acabei não abrindo nenhuma. Todo dia eu olhava pra elas e nada. Estava com vontade doida de tomar vinho e precisava de uma boa desculpa. Ora, pensei, uma desculpa dessas é uma maravilha. Uma desculpa de Santo tem credibilidade ímpar. Dei um suspiro satisfeito. É hoje.
O Zé chegou e eu logo avisei.
- Hoje é dia de São João e São João a gente brinda com vinho.
- De onde você tirou isso?
- De um blog. Reza a lenda que temos até que dar vinho para as crianças. Tipo sangria.
- Meu pai fazia sangria para a gente... – o Zé lembrou – Mas eu não tomo vinho que me dá dor de cabeça, você sabe. Toma você que eu tomo outra coisa.
- Eu vou tomar. É São João, Zé. E Santo é Santo.
Abri a garrafa, toda feliz. Bom, eu nunca fui muito boa de bebida, um copo de vinho já me deixa meio zonza, e eu acabei tomando dois copões enormes. Quando acabou o jantar, vi um pouco de tv e voltei para o micro, já meio zonza, para dar uma olhada nos e-mails e desligar. Fui aqui, ali e resolvi voltar no blog do Jorge.
Gente.
Esquisito.
Olhei para o blog dele e nada daquele post do São João e do vinho. Tinha sumido completamente. Era como se não existisse, nem o post, nem o Santo, nem os comentários, nada. Eu, que já estava meio bebadinha, fiquei encafifada. Será que eu sonhei? Cadê o Santo?
“Olha o que dá beber muito vinho”, pensei. Mas quando eu li o post eu não tinha bebido nenhuma gota, como é que podia uma coisa dessa? Será que foi uma mensagem de Deus que eu recebi via Internet? Olha as coisas que passam na cabeça da gente na hora que a gente está com álcool demais na cuca. Absurdo.
Encasquetada, fui descendo pelo blog até achar um e-mail. Escrevi para ele.
- Jorge, ou eu fiquei maluca ou tomei vinho demais. Não tinha um post sobre São João no seu blog?
Um pouquinho depois veio a resposta. Ele estava online, graças a Deus, ou melhor, graças ao São João.
- Tinha, lúcia, mas eu tirei porque era o São João errado, o Evangelista. Hoje é dia do Batista. Era vexame demais, tirei.
Gente, tomei vinho pro Santo errado. Ichi.
E daí a pouco entrou o Santo certo no blog. O Batista. Sem nenhuma história de vinho, só de batizado e de água. Nem sei se o Batista gosta de vinho, ô meu Deus.
Agradeci a explicação e desliguei o micro. É um perigo escrever em blogs depois de beber dois copões de vinho, sei disso.
E não tomei mais nenhuma gota naquele dia. São João Batista que me perdoe, mas juro, foi tudo culpa do Jorge.
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