Uber, quarta feira, 15:30 hrs. Indo pra casa da minha irmã, Marginal Pinheiros, um puta cheiro de pum no carro. Eu, na minha, pensando na pontuação dum motorista que faz uma coisa dessa. Peidar com passageiro no carro. Ou melhor, passageira. Uma senhora, se nho ra, como eu. Ar condicionado ligado, balinha, água e esse fedor. Passei a viagem de dez minutos de nariz tapado, calada e respirando pela boca. Se eu der zero estrela eles, o Uber, eles perguntam porquê. O que escrevono aplicativo? “O motorista peidou,“? Mas como, se o peidorrento me conheceu, se sabe onde me pegou, se sabe onde é minha casa, putis, ele pode ficar raivoso e pode ser que me foda depois. Será que não é melhor ficar calada e não dedar o peido do cara? Chego na minha irmã. “Tá boa, Lúcia?”. Desabafo e conto. Dai ela pensa um pouco. “Lúcia, hoje é quarta, dia de feijoada. Taxista, que já é descolado, já deve saber que quarta à tarde, depois da feijoada, não dá pra rodar, mas os caras do Uber ainda não sabem. Dá um crédito pro cara e avisa no site do Uber, super séria: “rapazes, um dos seus motoristas peidou quarta a tarde durante a viagem. Avisem pra não comerem feijoada nas quartas feiras no almoço antes de trabalhar”. “” Hahaha. Sério. A gente se acostuma com tudo nessa vida.
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