quinta-feira, 13 de agosto de 2015

outros muros

Já que estou ainda no meio da pintura do muro lateral daqui de casa, como contei uns dias atrás, tenho reparado muito neles. Hoje, mais uma vez, fui andar no parque. E percebi como estou rodeada deles, os muros, em todos os sentidos. Primeiro que para chegar no parque ando 3 quarteirões cheios de muros verdadeiros e altíssimos, com cercas elétricas, portões com alta velocidade de fechamento – que parecem guilhotinas - e câmeras que acendem uns puta holofotes quando você passa. E, por causa deles, fica impossível saber o que acontece dentro de qualquer uma das casas. Nem se existe gente mesmo lá dentro, o que me intriga.
É que sou uma pessoa que adora fazer amigos, e nesse bairro é quase impossível. Ando pela rua sempre pensando, “será que dentro dessa casa não tem um vizinho legal?”, ou “bem que eu podia conhecer as pessoas atrás desse muro e chamá-las pra jantar”, ou “bem que alguém dai de dentro podia ir no parque comigo”, mas não sei nem como é a cara do meu vizinho de frente. Consigo, no máximo, ficar amiga das moças que varrem a rua, dos guardinhas, do cara que conserta a calçada, do segurança da escola.
Dai no parque, a mesma coisa. Sempre chego e me animo “oba, é hoje que vou fazer amigos”, mas nunca dá muito certo. O povo do parque também se isola, a metade fechado em si com seus iphones de ouvido, a outra metade com seu personal, o resto falando no telefone, ou seja, entre todos e eu sempre tem um tipo de “muro”. Acho uma loucura isso. Passo mais de uma hora na rua e no parque, e não converso com viva alma, quase todo dia.
Ô mundo murado esquisito para uma pessoa tagarela como eu.

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