Foi aniversário da minha irmã Ângela hoje. Minha mãe fez uma festinha na casa dela. Minha mãe cozinha bem, faz comidas super gostosas, mas o lance dela são os doces. As sobremesas. Os bolos. Cheguei e fui direto olhar o que ela tinha feito pra Ângela.
- Tem bolo, mãe?
- Claro. Tá ai no aparador - ela avisou.
- Mãe.
- Que.
- Que é esse negócio no bolo?
- Esse negócio o quê.
- Esse enfeite.
- Ah. É um coelhinho da páscoa.
- Ele tá deitado, mãe?
- Tá.
- Porque, mãe?
- Era grande demais. Ficava muito alto em pé. Não achei menor no Pão de Açucar e não quis ir até a Kopenhagen.
- Ah.
Chegou o João.
- Vó?
- Que, João.
- O coelhinho da páscoa morreu?
Chegou o Chico.
- Nossa, por que a vovó colocou um defuntinho de coelho no bolo da tia Ângela?
- Shiuuu, Chico - eu implorei - Não zoa do bolo da tua vó, pô.
A Ângela chegou, viu o bolo, olhou estranho.
- Uau. Tem um coelho deitado no meu bolo, mãe?
- Tá dormindo, tia - disse a Nana, rindo.
- É o coelhinho da páscoa, filha - ela explica - Estamos perto da páscoa agora. É o enfeite.
Na hora de cantar parabéns, minha mãe coloca as velas de um modo estranho e alguém comenta.
- Vamos dar parabéns pro coelhinho morto da tia. Eba. Olha que velório estranho.
E na hora de servir o bolo, a Ângela, acostumada à mãe, perguntava.
- Quer bolo? Com ou sem coelhinho morto?
O cadaverzinho acabou no terceiro pedaço. Uma delícia o chocolatinho. É. Minha família é meio esquisita mesmo.
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