Adoro jogar baralho. Sozinha é legal, seja no micro ou com cartas, mas com alguém é sempre melhor ainda. Ganhar da sorte ou do micro não é melhor do que ganhar dos outros, ao vivo. Além disso, jogar no micro vicia e eu sou completamente viciada. Nem tenho jogo no micro do escritório senão não faço mais nada. Uma desgraceira. Já aprendi. Paciência, só em casa.
Mas não sou boa jogadora. Sou distraída, dispersa, falo muito e cometo erros horríveis. E não tenho lá muita sorte no jogo, se é que isso existe. Por exemplo, acho que nunca ganhei do Zé no crapô. Acho também que nunca escrevi essa palavra, "crapô", será que escreve assim? Ou será que é "crapow"? Sei lá, só sei que o Zé é o rei do crapô. Ele joga assoviando, tranquilo e ganha de mim sem parar. Fico horas e horas parada olhando ele trocar as cartas daqui para lá enquanto eu não faço... nada. Na minha vez, vem sempre um maldito e inútil rei. Não sei se ele tem sorte ou se joga bem. Mas ele sempre ganha de mim. E mesmo assim, adoro jogar com ele.
Começei esse ano a convidar amigos para jogar com a gente. Buraco. Ainda não me arrisco em outros jogos, embora num feriado ai eu tenha jogado tranca, que aprendi outro dia. Achei legal, mas ainda me complico. Uma questão de treino. Combinei com minhas amigas que se treinarmos muito hoje, na idade que temos, quando ficarmos velhinhas podemos fazer fortuna. Ganhar de todas as outras velhinhas e velhinhos que não treinaram aos quarenta anos. Por isso resolvi investir nessa modalidade e passei a chamar amigos aqui em casa pra jogar. Minha meta não é o pôquer, e sim o bridge, que acho muito chique. Ainda chego lá. Por enquanto estamos no buraco com amigos. Não tem muita regra e não precisa jogar bem para jogar comigo e com o Zé. A única coisa que eu imponho é que eu e o Zé não jogamos juntos. Jogo de casal com casal não é legal. Eu gosto de disputar com o Zé. E eu também sei que se eu jogar com ele, e jogar mal, depois que os parceiros forem embora ele vai me condenar pelos meus erros: "pô, Lú, precisava dar a canastra pra eles?". Dai a noite vai ser uma chatice, eu me lembrando da carta que descartei sem querer, ele emburrado. Então resolvi que sou sempre adversária dele. Às vezes ganho dele e ele fica sem graça. Ele não fala, mas é bem competitivo. Eu falo que sou competitiva para deixar os adversários irritados, mas não sou.
Também não gosto de muita regra, mas descobri que as pessoas adoram regras. Por exemplo, não entendo porque ninguém gosta de lavadeira. Super bom lavadeira. Cinco, cinco, cinco. Dama, dama, dama. Dizem que isso estraga o jogo. Estraga nada. Mas não discuto. Não me interessa nesse momento perder parceiros. Jogo como quiserem. Tem outros parceiros que tem "toc" de baralho. Um dia uma amiga teve um xilique quando dei as cartas. Não!, ela berrou. Que foi, disse, assustada. Você deu do lado contrário!, ela gritou. Hã? Que lado contrário? Tão todas de cabeça pra baixo, eu argumentei. Não, ela explicou, tem que dar as cartas no sentido horário, você deu no anti-horário. Isso faz diferença?, eu perguntei. Claro que faz!, ela se indignou. Recolhi, embaralhei, dei tudo de novo. Tem gente que passa mais tempo discutindo o que pode e o que não pode do que jogando. Tem de tudo. Aceito tudo.
Lembrei que outro dia joguei com meu primo Francisco. Ele é um expert em jogos. Vale lavadeira?, ele perguntou. Vale, arrisquei. Oba, ele disse. Bem. Ele só fez lavadeiras. Um monte. E ganhou de mim de lavada.
Mas não sou boa jogadora. Sou distraída, dispersa, falo muito e cometo erros horríveis. E não tenho lá muita sorte no jogo, se é que isso existe. Por exemplo, acho que nunca ganhei do Zé no crapô. Acho também que nunca escrevi essa palavra, "crapô", será que escreve assim? Ou será que é "crapow"? Sei lá, só sei que o Zé é o rei do crapô. Ele joga assoviando, tranquilo e ganha de mim sem parar. Fico horas e horas parada olhando ele trocar as cartas daqui para lá enquanto eu não faço... nada. Na minha vez, vem sempre um maldito e inútil rei. Não sei se ele tem sorte ou se joga bem. Mas ele sempre ganha de mim. E mesmo assim, adoro jogar com ele.
Começei esse ano a convidar amigos para jogar com a gente. Buraco. Ainda não me arrisco em outros jogos, embora num feriado ai eu tenha jogado tranca, que aprendi outro dia. Achei legal, mas ainda me complico. Uma questão de treino. Combinei com minhas amigas que se treinarmos muito hoje, na idade que temos, quando ficarmos velhinhas podemos fazer fortuna. Ganhar de todas as outras velhinhas e velhinhos que não treinaram aos quarenta anos. Por isso resolvi investir nessa modalidade e passei a chamar amigos aqui em casa pra jogar. Minha meta não é o pôquer, e sim o bridge, que acho muito chique. Ainda chego lá. Por enquanto estamos no buraco com amigos. Não tem muita regra e não precisa jogar bem para jogar comigo e com o Zé. A única coisa que eu imponho é que eu e o Zé não jogamos juntos. Jogo de casal com casal não é legal. Eu gosto de disputar com o Zé. E eu também sei que se eu jogar com ele, e jogar mal, depois que os parceiros forem embora ele vai me condenar pelos meus erros: "pô, Lú, precisava dar a canastra pra eles?". Dai a noite vai ser uma chatice, eu me lembrando da carta que descartei sem querer, ele emburrado. Então resolvi que sou sempre adversária dele. Às vezes ganho dele e ele fica sem graça. Ele não fala, mas é bem competitivo. Eu falo que sou competitiva para deixar os adversários irritados, mas não sou.
Também não gosto de muita regra, mas descobri que as pessoas adoram regras. Por exemplo, não entendo porque ninguém gosta de lavadeira. Super bom lavadeira. Cinco, cinco, cinco. Dama, dama, dama. Dizem que isso estraga o jogo. Estraga nada. Mas não discuto. Não me interessa nesse momento perder parceiros. Jogo como quiserem. Tem outros parceiros que tem "toc" de baralho. Um dia uma amiga teve um xilique quando dei as cartas. Não!, ela berrou. Que foi, disse, assustada. Você deu do lado contrário!, ela gritou. Hã? Que lado contrário? Tão todas de cabeça pra baixo, eu argumentei. Não, ela explicou, tem que dar as cartas no sentido horário, você deu no anti-horário. Isso faz diferença?, eu perguntei. Claro que faz!, ela se indignou. Recolhi, embaralhei, dei tudo de novo. Tem gente que passa mais tempo discutindo o que pode e o que não pode do que jogando. Tem de tudo. Aceito tudo.
Lembrei que outro dia joguei com meu primo Francisco. Ele é um expert em jogos. Vale lavadeira?, ele perguntou. Vale, arrisquei. Oba, ele disse. Bem. Ele só fez lavadeiras. Um monte. E ganhou de mim de lavada.
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