segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

o fax do seu consul


Parei de trabalhar em casa, mas ainda tenho o meu escritório aqui. Tem minha mesa, o meu micro (velho), telefone, impressora, fax, scanner, tudo meio às moscas. O telefone nunca mais toca, uso só de vez em quando. Mas na semana passada, um dia meio a noite, o negócio começou a chamar sem parar. Tocava, caia no fax, tocava caia no fax, me deu preguiça de ver quem era. Ora, se fosse importante a pessoa me ligaria no celular. Ou no telefone de casa. Desencanei.
No dia seguinte, logo de manhã, o telefone do escritório voltou a apitar. Trimmm, pééé (pééé é o barulhinho do fax). Trimmm, pééé. Trimmm, pééé. Sentei aqui pra fazer um post, intrigada. Foi quando vi que tinha realmente um fax chegando.
Não era pra mim. Era alguém ligando e passando um fax para um tal de senhor Carlos. E nossa, parece que a pessoa queria muito falar com esse senhor Carlos. No texto do fax o homem contava que tentou ligar para o celular dele e nada, que tentou mandar um email que voltou, e que agora tentava ligar para o telefone fixo dele, mas como estava no fax desde o dia anterior, ele resolveu mandar o fax. Ele queria saber sobre um empreendimento, uma coisa que chamava Bosque Platinum ou coisa que o valha, queria uma resposta urgente. Parecia importante e ele perguntava como fazia para falar com esse Carlos. E no fim ele assinou: "sr. Consul".
Consul? Nossa, o homem tinha nome de geladeira? Freezer? Consul? Nunca vi ninguém com esse nome. Engraçado. E se ele fosse Consul, ele não assinaria Consul, e sim Consul Alguma Coisa. Ele tinha mesmo o nome do nome da geladeira. Eu envolvida lendo o fax e o telefone toca de novo. Era ele, só podia ser. Desliguei o fax e antendi.
- Alô.
- Bom dia - a voz dele era de alívio - Bom dia, por favor o senhor Carlos? Aqui é Consul.
Hahaha. O próprio.
- Oi seu Consul. Estou aqui com seu fax.
- Ah, acabei de passar mesmo, não conseguia que atendessem ai. Por favor, a senhora poderia me chamar o sr. Carlos?
- Pois é seu Consul, o problema é que não tem Carlos nenhum aqui. Tem só eu, e eu sou Lúcia. O senhor ligou engano e passou um fax-engano também. Aliás, seu Consul, eu nem atendo esse telefone, eu só atendi para dizer para o senhor que o sr. Carlos não vai receber esse fax.
- O sr. Carlos não mora ai? Como assim? Mas o número não é...
- É, seu Consul, o número tá certo, mas não tem Carlos nenhum aqui.
- Mas... mas que coisa... como...?
- O senhor não conseguiu falar com ele no celular e nem no e-mail, né? Eu li o fax que o senhor escreveu, o senhor me perdoa, mas chegou aqui na minha casa. Então eu sei.
- É, não consegui... - ele estava desconsolado - Puxa vida, viu, dona Lúcia.
- Descupa, seu Consul, mas eu não posso ajudar o senhor.
- Escuta, não tem mesmo nenhum Carlos ai?
- Não.
O homem desabafou de repente.
- Sabe senhora, acho que esse Carlos me enganou. Celular errado, e-mail errado e telefone errado, tudo falso? Ah, que coisa... O que a senhora acha?
- Olha seu Consul, parece que sim.
- Bom. Obrigada, dona Lúcia, e até logo.
Seu Consul era super educado. E eu consegui (juro que foi difícil, mas difícil mesmo) não tirar sarro do nome dele e dizer que ele entrou numa fria.

Nenhum comentário: