Falando em tarjas, lembrei de óculos. Ó. Todo mundo da minha idade começa a usar óculos. É batata, como fala minha mãe. Nunca me passou pela cabeça a idéia de não enxergar direito, por isso levei o maior susto quando o mundo passou a ficar meio embaçado. Outro dia, a gente falando desse assunto e rindo, trouxe para a sala o óculos que tenho do meu avô. Herdo umas coisas estranhas que não sei o que fazer com elas, uma delas é esse óculos. O óculos dele tem muito, mas muito grau, e um dos lados é praticamente uma lupa. O meu amigo Paulo colocou e tiramos essa foto, mas ele não conseguia abrir o olho (nota: para mostrar os óculos na foto, tive que fazer outro estilo de tarja, tarja-bolinha, reparem que legal). Eu comentei que tenho medo de ter que usar um desses um dia. Sabe como é família. Essa coisa da gente "puxar" o familiar. "A Franka enxergava bem, mas puxou o avô e agora usa esses oclões".
Ixi, que mêda.
Por enquanto ainda uso apenas oclinhos. Uns de leitura que mandei fazer. Uso, não. Não uso. Um engenheiro da minha idade, que coincidentemente faz anos junto comigo, outro dia me viu tirar o meu oclinhos da bolsa na reunião.
- Lúcia! Não faça isso!
- Hã?
- Aguente firme, como eu! Force a vista, finja que vê tudo! Tente ficar sem óculos o máximo possível, adie esse momento, senão daqui a dez anos você terá grau oito! Oito!
Tá, totentano. Uso o meu oclinhos só no escuro total, quando eu realmente não vejo nada. Achei que foi uma boa dica, essa dele. Às vezes nem levo na bolsa. Aliás, óculos de gente de quarenta anos é como tuppeware, caneta bic e isqueiro. Sempre tem um por perto pra você usar, quem precisa pega. Outro item solicializado do mundo moderno: os oclinhos de vista cansada.
Outro dia fomos eu, minha irmã e uma amiga a um restaurante. Sentamos na penumbra agradável do local e o garçon veio com os cardápios. As três quase da mesma idade e sem óculos. Se achando lindas e mocinhas. Foi uma cena hilária, que um dia vou falar para a Patricia G. encenar. Os restaurantes de hoje em dia tem mania de fazer uns cardapiões. Porque eles tem que ser tão grandes nunca entendi, uma vez que as letras são mínimas. Bem, cada uma de nós pegou aquela tábua de 50 centímetros e colocou na frente. Silêncio. E como ninguém conseguia ler nada, nós três, ao mesmo tempo, recuamos as cabeças para trás e colocamos os cardapiões para frente, esticando os braços. Pááá. Trombamos, claro. E mesmo assim não vimos nada. Foi aquela abrição de bolsa pra tirar oclinhos.
Quer reconhecer na penumbra de um restaurante uma turma de quarentonas?
Repara nessa hora do cardápio.
Zummm. Pááá.
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