quinta-feira, 15 de maio de 2008

médico de abacate?


- Que livro é esse, Francisco?
- Um livro sobre abacates. Tudo sobre abacates.
- Você está lendo um livro sobre abacates? - perguntei pra o meu primo quando vi o marcador no meio das páginas.
- Estou.
Acho o máximo perceber os interesses literários dos outros. As esquisitices. Mas ora, se eu adoro livros sobre comportamento de macacos bonobos e já li diversos empolgadíssima, qual o problema do Francisco querer entender os abacates?
Ele passou a me mostrar. O livro era todo ilustrado, com fotos, gráficos e tabelas. Até que surge uma imagem de um bicho. Um inseto enorme, parecido com um besouro.
- Nossa, não cheguei nesse capítulo ainda, olha - ele exclama, animadérrimo - esse deve ser o vilão do abacateiro. O melhor do livro!
- Que bicho horrendo, primo.
- E olha, tem outros bichos... as pragas do abacate. Estou louco para chegar nesse capítulo, deve ser o máximo. O ápice do livro. E veja, acho que vencemos, olha as estatísticas de combate, olha os processos contra as pragas. Homens contra as doenças das frutas.
- Francisco, será que isso é uma profissão? Médico de frutas? Imagino a conversa num congresso de doenças de frutas: "você trabalha com o quê?", e o outro responde: "trabalho com abacates, e você? "Com mangas". Hahaha. Tipo um cardiologista falando com um dermatologista.
- Claro que existem médicos de frutas, Lúcia.
- Bem, mas eles não tem consultório.
- Porque não teriam?
- Abacates não vão à uma consulta!
- Será que não? E se alguém levar? Se você entrar nesse mundo dos abacates, se entrar na literatura do abacate, como eu, e estudar a fundo, tudo é possível.
Hahahahaha. E fechamos o livro e fomos ao teatro, com abacates na cabeça. E seria impossível não postar um abacate aqui depois disso.

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