Socorro. Ontem tive que pegar a avenida Rebouças no meio da tarde. Trânsito danado, eu ali presa. Jurei não sair mais na época do Natal. Tentarei me restringir a um círculo imaginário de dois quilômetros ao redor da minha casa até o dia 26.
A Rebouças tem três faixas. A da esquerda é a do corredor de ônibus, e também é permitida para táxis com passageiros. Fica vaziazinha, vaziazinha, dá a maior vontade de entrar ali. Funciona super bem, todo mundo respeita. As outras duas faixas são para carros, sendo que uma delas, a do meio, tem uns desenhos de triângulo amarelo no piso, que significa que aquela é a faixa preferencial das motos. Não entendo bem isso, se é pra gente não andar ali para dar preferência para as motos ou não. Em todo o caso, a Rebouças é uma avenida apertada, cheia de faróis e sempre, sempre lotada. No natal então.
De uns tempos para cá, toda vez que pego a Rebouças eu fico tensa por um motivo. Eu não sei exatamente o que houve: se realmente a coisa aumentou ou se sempre foi assim e eu não percebi. Mas gente, a quantidade de motos. Quantidade de motos ali é simplesmente inacreditável. E nenhuma, mas absolutamente nenhuma, anda na faixa preferencial de motos. Claro. A faixa preferencial de motos não anda. Fica lotada de carros. Paradinha. Como a outra, não preferencial. Assim as motos, todas, infinitas, andam entre essas duas. Zum, zum, zum. É preciso deixar um espação entre você e o carro do lado para elas, senão babau espelhinho. É impressionante. De onde vem tantas motos? Zum, zum, zum. Rapidíssimas entre os carros, o que deixa você ilhado na faixa onde está, sem poder sair. Ontem eu queria sair da faixa do meio e ir para a faixa da direita. Para virar a direita numa rua, só isso, só isso. Mas as motos não deixavam. Zum, zum, zum. Socorro, estou presa, pensei. Zum, zum, zum. Motos, motos, motos. Muito mais rápidas que eu, ali parada com meu pisca pisca ridículo diante da velocidade e agressividade daquela turba de capacetes móveis. Haja chingo pro meu lado. Zum, zum, zum. Nossa que pesadelo. Perdi a rua, entrei duas na frente. Quando consegui, depois de muito esforço, mudar de faixa, pensei o quanto isso é absurdo. Tem alguma coisa errada, óbvio, com o planejamento do trânsito da cidade. Não dá pra ignorar a movimentação natural e a quantidade de motoqueiros. Não dá para uma rua com tantas motos não ter um projeto que funcione. Eu só queria virar a direita.
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