afe, ô coisa mais complicada que é colocar targinha em iutube...
Compramos, num posto da estrada, uma goiabada para comer de sobremesa na praia. A goiabada veio numa lata quadrada e funda, diferente das goiabadas em lata de antigamente, aquelas redondinhas iguais a uma pizzinha, da "Cica". Depois do almoço, abrimos a tal lata. Gente, é obvio que numa lata quadrada a goiabada é quadrada, dãr para mim, mas sério, olhar uma goiabada quadrada me deu o maior susto da paróquia. Goiabada quadrada? Foi quando essa coisa da lata de goiabada, esse lance do formato das coisas, me veio à cabeça junto com a minha profissão. Afinal, não parece mas eu penso em arquitetura o dia todo.
- Edu, olha... isso é igual ao que a gente faz... - e eu mostrei a lata para ele - veja, nós, arquitetos, fazemos apenas isso, latas de goiabada. Pense, nós, humanos, somos a goiabada. As nossas casas são as latas. A gente envolve as pessoas em recipientes. E é só isso. Se somos quadrados, nossas latas são quadradas, se somos redondos, as latas são redondas, e, se não somos nada, o arquiteto resolve como é a lata que ele vai nos enfiar.
- É mesmo... - ele riu.
- Agora, o maluco é que, quando vemos - como vimos aqui na praia outro dia - uma casa com cara de "lata de goiabada", daquelas casas que são como cubão enorme e moderno, a gente mete o pau, implica, acha horrível. Pensa que maluquice, somos completamente loucos! Fazemos latas de goiabada, mas fingimos que elas não são latas de goiabada. Não pode parecer lata, entende?
O Edu pensou melhor.
- Não, não é bem fingir. Nós disfarçamos as latas, é isso. É como comida, ninguém quer comer comida crua, carne crua. Tem qua caprichar bastante, transformar o desejo numa coisa bonita, gostosa de comer.
- Ora. Como o molho de tomate - disse a Sílvia - O molho de tomate é só tomate, e depois vira aquela maravilha.
- Isso mesmo - conclui - Nós, arquitetos, fazemos latas de goiabada com sabor de molho de tomate.
Mas na hora me veio uma estranha dúvida sobre essa estranha e esdrúxula teoria.
- Ou não?
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