O aniversário foi do Zé. Sexta, 28. Em vez dele cozinhar, como sempre, a Silvia gentilmente fez para ele de presente um maravilhoso risoto de aspargos. A receita dela? Sei lá. Isso é com ela, eu não sou boa de cozinha. Fui com elas fazer as compras, e sei que compramos aspargos frescos, arroz de risoto, queijo ralado, caldo de galinha, vinho branco e uma quantidade enorme de uma cebola estranha, meio albina. Sei também, porque ela me explicou, que ela fez o risoto como fazem os italianos, colocando água devagar e mexendo. Segundo ela, o outro modo de fazer era colocar toda a água de uma vez, tapar e não mexer. Sei que ela tirou uma parte dos aspargos, a parte de baixo, aquela parte mais gorda, e deu pra Maria fazer uma sopa essa semana. Não usou. As cabecinhas, aquela parte de cima mais verdinha e cheia de dentinhos meio crespinhos, ela colocou no final junto com o queijo porque eram mais macias. Ela resolveu também fazer umas raspas de abobrinhas, tipo batatas chipis, no forno, depois de salgadas com sal grosso, mas uma amiga nossa ficou conversando com ela sobre o filho mais velho dela, da Silvia, (que faz arquitetura), e sabe como é mãe ouvindo de filho, a gente distrai. Quando ela viu - pimba - queimou todas as hostiazinhas de abobrinha, que viraram carvãozinhos. Uma pena, todo mundo teve que consolar a Silvia. Quem cozinha sabe como é triste queimar uma comida, eu entendo. Além desse risoto, o Zé resolveu que ia fazer uma passarinhada. Falou que tinha a ver o aniversário dele essa coisa de passarinhada, e eu resolvi não perguntar muito, ele sempre tem razão. Comprei um monte de galetinhos, a Maria temperou de manhã e cozinhou desde as seis da tarde. Quando a Silvia chegou, ela colocou em cima de cada um dos galetinhos uma rodela de limão siliciliano. Olha, gente. Ficou muito chique aquele monte de galeto vestido de biquini-siciliano. Na hora de comer, alguém disse que tínhamos que comer o galeto junto com o limão assado. E com casca e tudo. Uau, era azedinho, demais com a carne mole de cozinhar horas e horas. Quanto à bebida, no começo o Zé fez dry-martinis pra todo mundo menos pra mim, que não bebo gim. Uma receita dele, que adora tal drinque e que já promoveu diversos festivais de dry-martini aqui em casa, fazendo sempre a maior zona na copa, chacoalhando a coqueteleira pra cá e pra lá, usando um negócio que se chama noiliprá e umas gotinhas de angostura, depois jogando tudo fora - pois diz que é só pra dar gosto no copo (!!!) - colocando o gim tanquerei e finalizando com azeitonas no palito com casquinha de limão. Esqueci de tirar foto dos dry-martinis, desculpa, pois estavam lindos nos copos de dry martini (é impressionante uma pessoa desorganizada como eu ter copos de dry martini, e eu tenho!). Mas durante o jantar, eu e a Silvia resolvemos que era melhor tomar vinho. Ficamos horas e horas no supermercado conversando com o seu Severino, o cara da seção dos vinhos, avaliando preços, promoções, países, uvas, idades (eu seu entender nada e acreditando em tudo) e, claro, nomes de vinhos - depois que descobrimos que não tinha o vinho "Ventus". Quem via de longe pensava: olha, duas verdadeiras enólogas-literárias. Acabamos optando por esse vinho, o vinho "Encuentro": garrafa linda, preço ótimo e nome perfeito pra um aniversário do Zé. Aliás, era uma delícia e acabamos com as garrafas. Na sobremesa, além de abacaxi-puro (que eu amo), tinha o bolo da minha mãe, aquele do post anterior, que acabou todo. Pedi pra minha mãe a receita dele hoje, e ela me disse que o segredo desse bolo é que ele é feito com iogurte, não com leite, e batido no liquidificador, e não na batedeira ou na mão. Ah, lembrei. Tão vendo aquelas folhinhas verdes enfeitando a mesa, num potinho, na foto de cima? São uns mini-mangericãos que a Silvia achou no super e que ela usou tipo um arranjo de mesa. Teve gente que se confundiu e comeu, o que não significou problema algum, pois mangericão é super comível e eu nem dei bronca na convidada que comeu. Só não contei que não tava lavado, porque só percebi isso agora. Foi assim o aniversário do Zé.
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