quinta-feira, 30 de agosto de 2007

conjunções familiares


- Sabe o que eu acho, mãe - falou o Francisco ontem na mesa do almoço - que a gente devia, cada um daqui da nossa família, adotar uma conjunção.
- Hã, filho?
- E abolir o "mas" da nossa casa.
- Oba. Eu topo - falou o João.
- Então eu quero ser o... - eu tentei falar, mas fui interrompida.
- Eu vou ser o "entretanto" - disse rápido o Chico - adoro "entretanto". Entretanto...
- Eu o "todavia" - disse o João. Todavia...
- Eu o "porém" - falou a Nana, mais rápida que eu.
- E eu? - perguntei, confusa - qual que sobrou mesmo?
- Hahaha, mãe - riu o Chico - você sobrou com o "contudo", hahaha.
- Que é que tem o "contudo", gente?
Eles riam muito. Não entendi.
- Mãe, "contudo" é horrível. Mó mico sobrar com o "contudo". Imagina você usando essa conjunção aqui em casa - explicou a Nana.
- Não. "Todavia" é pior - eu me defendi.
O João interpelou.
- Nananinão, mãe. "Todavia" é da hora. "Contudo" que é péssimo.
- E o pai de vocês, vai ficar com qual?
- Ele fica com o "sobretudo"- sugeriu o João.
- "Sobretudo" não é a mesma coisa - um deles falou - não é sinônimo, não vale.
- Ele fica com o "no entanto" então - decidiu o Chico.
- Péra. Escutaqui. Eu quero ficar com o "no entanto", gente - pedi - seu pai num tá, eu pego dele.
- Mãe, nem vem - encerrou a Nana - Você já é o "contudo". Hahaha, olha a cara dela. "Contudo", coitada, hahaha.
E os três ficaram rindo sem parar de mim.
Gente, sei que mãe de adolescente sofre, contudo não pensei que fosse tanto.

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