sábado, 5 de maio de 2007

franka vai às compras e assiste tv


franka vai às compras de manhã
Acabei de assistir um filme num dos Telecines. acho que era o Pipoca, porque o filme era dublado. Era o que estava passando quando liguei a tevê, acredito muito na influência do acaso televisivo no destino da minha vida, mas sinceramente hoje não sei se teve alguma coisa a ver. Às vezes o "clic" do controle remoto é, para mim, quase como tirar um I-Ching. A previsão da sorte na tevê funciona direitinho para me ajudar nos meus problemas da vida. É isso mesmo: eu, Franka, tiro a sorte na NET.
Não sei os nomes de atores e nem vou me lembrar do nome dos filme. Acho que era com o Richard Gere, mas não tenho certeza. Esse cara era o pai de uma menina de 11 anos e de um menino de 15. A mãe era uma mulher muito estranha, ou pelo menos o diretor queria que achássemos assim, porque a câmera parava nos olhos dela nas horas mais bobas do mundo: na hora que ela estava colocando o café, abrindo a porta do carro ou olhando pela janela, e nessa hora vinha uma música de filme de terror e ela fazia a maior cara de angustiada. O pai era um professor de filosofia e tocava violino. Vivia ensaiando com o filho de 15, que tocava um tipo de violoncelo. Um dia a mãe, que era esquisita mas amorosa, dá para a menina um caleidoscópio e nessa hora entram um monte de cenas de flashback de um acidente de carro, que parecia que era dos pais da mãe que tinham morrido quando ela era pequena. No dia seguinte, a menina ganha um concurso de soletrar e é convocada para representar a escola no campeonato da cidade. Como a família era meio destrambelhada, ninguém deu bola para ela e ela teve que pedir para o irmão levá-la. Lá ela ganhou facinho de todo mundo, e só ai que o pai se empolgou. A mãe parecia que não entendia nada, alheia a tudo, sofrendo, putz papel chato de fazer, coitada da atriz. O pai então resolveu dar aulas para a menina e esqueceu do filho, da música e da mãe. Passou a acompanhá-la em todos os campeonatos, que ela foi ganhando rapidinho até chegar no campeonato nacional de soletração, um negócio super importante. Ele, o pai, tinha umas teorias onde ela deveria entender a alma das palavras e a menina entrava em transe quando soletrava, via coisas, ouvia vozes e passou a ler uns livros com umas letras em hebraico. O filho, sem mãe nem pai, fica meio pirado, conhece uma adolescente loirinha e vira rarecrishina num templo que mais parece de macumba. Ai a mãe passa a ter o comportamento mais estranho do filme. Pelas cenas parece que ela é uma ladra, pois ela entra em casas e pega coisas: às vezes uns brincos, às vezes uns potinhos de cerâmica, uns cacos de vidro, e sempre sofrendo para burro. Na verdade não dá para entender se ela rouba mesmo ou se está na casa de algum amigo, porque ela sempre tem a chave. Um dia antes do campeonato, a mãe é sofre um acidente num desses assaltos e é presa. O marido descobre que ela é cleptomaníaca e que aluga uma garagem onde pendura todos os cacos que rouba, que são sempre coisas brilhantes e quebradas. É um lugar de gente louca, e ele, quando vê, começa a chorar copiosamente, percebendo que não conhecia direto a esposa. A mãe é considerada louca e vai para um sanatório. Esse dia é o caos, porque o pai, desesperado, ainda por cima descobre que o filho é harechrishina e vai buscá-lo no templo puto da vida. Chegam em casa e o pai e o menino discutem. A menininha fica confusa com o sucesso e passa a se atrapalhar, achando que a doença da mãe é culpa dela, sei lá porquê. O pai resolve que, mesmo com a mãe internada, vai com os dois filhos no campeonato nacional de soletração, que é em outro estado. Lá, no hotel, ele treina a menina meio a tôa a tarde, e uma das palavras que ele fala para ela soletrar é "origami". Ela soletra direitinho. No meio da noite, a menina acorda e sai vagando pelo hotel. Volta para o quarto e fica falando que precisa achar Deus. Fala coisas desconexas, pega o livro em hebraico e passa a suar frio e tremer, caindo no chão. Aparece uma imagem dela num caleidoscópio, depois filmam ela de cima onde sai uma luz amarela da sua boca. Acho que isso era para significar que ela achou Deus nas palavras. Chega a hora do campeonato, onde ela, a menorzinha de todos, ganha, ganha, ganha. Na última palavra, que se ela acertar ela vira campeã nacional de soletração dos EUA, o juiz pede para ela soletrar "origami". Ela fala o, r, i, g, a, m mas pára ai. Entra um passarinho de papel voando na cena e pousa numa letra "i" de um cartaz, mas ela olha, vira para a câmera de TV onde ela sabe que a mãe está a assistindo e fala "y". E ela perde o campeonato. A mãe chora muito, o pai, ela e o irmão se abraçam. O filme acaba ai.
Fiquei parada na sala. Será que ela não quis ser a melhor para mostrar para a mãe que ela também erra? Mas a mãe, mesmo internada, ia ficar super feliz se ela fosse campeã. Não entendi porque a menina errou de propósito. Não entendi o que a mãe achou e nem o que o filme quis dizer. Ô I-Ching difícil esse de hoje.

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