quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

MAREMATE

Fui ontem, na última hora, na escola dos meninos comprar o material escolar deles desse ano. Gente, eu sempre esqueço do material escolar e das matrículas. Um inferno isso. Aliás, eu sempre esqueço muita coisa e tenho certeza que é tudo por causa desse blog, que me distrai e me toma um putz tempão. Bom, como sempre cheguei preparada para enfrentar uma fila enorme na lojinha da escola, torcendo para que o número de mães organizadas desse ano fosse muito maior que o de desorganizadas. Até que deu certo. Cheguei, só uma pessoa na minha frente, logo em seguida chegaram mais quatro atrás de mim. Até que não é tão mal ser esquecida, pensei, lembrando que nos dias anteriores aquilo deveria estar um inferno, a quantidade de mães organizadas daquela escola é imensa. Vi outro dia na tv uma matéria com uma mãe daqui de São Paulo mesmo que fazia tabelas de tudo da casa no Excel e colava pelas paredes. Uma coisa bárbara, organizadíssima, incrível, e na hora eu pensei como seria bom morar naquela casa e ter aquela mãe. Para mim é impossível sequer prever o dia seguinte. Tadinhos dos filhos, vivem numa beira do abismo e nem sabem.
Voltando à lojinha, descobri que a moça da minha frente era uma amiga, que conversou um pouco e se foi. Quando ela saiu, olhei para as mães desconhecidas atrás de mim e sorri. Elas sorriram de volta. É engraçado e meio ridículo, mas aquele nosso olhar foi de pura união. Naquele momento formamos um grupo, o grupo das mães retardatárias do material escolar. O MAREMATE. E olha, é absolutamente confortante sentir-se pertencente a um grupo assim, de uma hora para outra, numa situação de minorias e conflitos internos. Assim, já que nos unimos, nossa conversa começou a fluir naturalmente. Viramos subitamente aquelas desorganizadas felizes. Porém uma delas, a que estava exatamente atrás de mim, não estava a vontade naquele papel. Vai ver que ela sempre foi da turma das organizadas e aquele foi seu primeiro deslize, ao contrário de mim, que já sou mãe macaca velha retardatária de material escolar. Ela tava se sentindo culpada e, para se justificar, deu uma desculpa. "Eu não vim antes porque estava viajando...". A mãe que estava atrás dela deu de ombros. "Eu não tenho desculpa, esqueci mesmo", ela disse, “aliás, nunca me lembro”. Eu comecei a rir e disse que eu também. E a lá de atrás, que além de retardatária era o fim de linha, completou que era muito melhor ser assim. “Ta na cara que não somos estressadas”, ela disse, confortando a iniciante, que relaxou. Conversamos muito, e resumindo, ficamos amigas. Uma delas até propôs que nos juntássemos novamente para encapar os cadernos juntas. Achei a idéia ótima, topei na hora. Vamos? Quando?
Em julho, ela disse, gargalhando, como uma boa mãe retardatária faria.

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