Todo final de ano a minha família faz um almoço de comemoração no Terraço Itália entre o natal e o reveióm. Eu, o Zé e nossos três filhos. Não sei dizer quando nem porque isso começou, mas eu e o Zé, por sermos arquitetos, adoramos a idéia de acompanhar anualmente o desenvolvimento da nossa cidade.
O almoço desse ano foi ontem, sexta, e fomos brindados por essa visão incrível da chuva no horizonte. No próprio Terraço não choveu, embora tenha escurecido bastante. Assistimos de camarote a tempestade que assolou a cidade. Não sei se é porque é fim de ano, não sei se ando sensível demais, não sei se é porque é sensacional mesmo, não importa, mas essa chuva no além significou para mim algo muito mais do que uma simples... chuva no além. Percebi ali nossa total incapacidade de lidar com as simples forças da natureza. As inevitáveis simples forças da natureza, que chovem, passam, assolam, dóem, incomodam. Infalíveis, fatais, encharcadas. Rápidas, instantâneas, frágeis. Necessárias, imprevistas, coincidentes. Deliciosas, divertidas, entregues. Mas chuvam passam. Surgem, escurecem nossos olhos, dão medo, arrepio danado, incomodam, estremecem nosso chão e se vão. "La nave va", falou o Jôka num post maravilhoso essa semana em homenagem ao Braguinha. Aqui eu o plagio descaradamente, copio seu título, suas frases, tudo isso como uma homenagem e mostro o horizonte da minha cidade tão querida. Todos nós temos nossas naves. E todas vão, quer a gente queira ou não. Não adianta espernear que a natureza é assim. A chuva chove e o amor aparece onde a gente menos espera.
" A vida só gosta de quem gosta dela."
Braguinha
Feliz ano novo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário