sexta-feira, 28 de julho de 2006

o sapo bem olhado


Estávamos no meio de uma estrada quando percebi uma enorme quantidade de bancas de beira de estrada vendendo objetos de cerâmica para colocar no jardim. Eram muitos, de todos os tipo - desde os anões e a Branca até vasos modernosos. Estátuas, cavalos, bichos.
- Uau. Eu morro de vontade de ter um cogumelo no jardim - falei, meio sem querer - daqueles tipo "disney". Acho engraçado.
- Lá vem a mamãe com as invenções dela - falou um dos meninos, debochando de mim - Mãe, cogumelo é coisa de drogado!
- Que é que tem? - o Zé me defendeu - A vida é uma só, seus tontos implicantes - ele disse, encostando o carro numa das bancas.
- Vamos comprar o cogumelão da mamãe.
- Sério? - eu disse, pasma e felicíssima - Uau. Teremos um cogumelão Disney no jardim de casa!
Bom, escolhi e comprei um enorme, lindo, com três bolotas presas num tipo de galho. A mulher embrulhou bem, com muito jornal, colocou numa caixa e colocamos no carro. Na hora que eu saia dali, ela chamou.
- A senhora não vai levar sapo?
- Como que é?
- A senhora veio aqui pra comprar só o cogumelo? Não vai comprar sapo?
- Eu deveria comprar um sapo, moça?
Ela arregalou o olho. Como eu não sabia daquilo?
- Minha senhora, todo mundo quem vem aqui compra sapo.
- Sapo? - olhei ao redor e reparei.
O lugar estava entupido de sapo. Não tinha reparado. Olhei a mulher de novo.
- Mau olhado, senhora. Sapo no jardim tira mau olhado, não sabia...?
Ô saco. Obvio que depois desse comentário "bem olhado", acabei adquirindo o meu sapo também. Que já está no jardim, olhando e engolindo tudo que vem de mau.
Mulherzinha esperta.

Ah, e o cogumelão? Quebrou tudo na viagem de volta, uma pena, estou desconsolada. É de louça, frágil, vou tentar colar no final de semana.

E...
Hoje tem crônica na paradoXo: “O sapato social”

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