quarta-feira, 5 de julho de 2006

o rodízio de cinema




Passei o domingo chuvoso trancada em casa vendo TV. No sábado eu e minha filha tiramos quatro filmes na Blockbuster para ver depois do jogo do Brasil, mas depois da derrota, desistimos e acabamos saindo para jantar.
No domingo eu e o Chico, meu filho mais velho, tomamos café, nos vestimos e resolvemos começar uma sessão de cinema. Pensamos em assistir à um filme um só, mas a coisa foi tomando uma dimensão incontrolável, provavelmente por causa do friozinho, do monte de canais (a NET me deu, por uns meses, um monte de canais a mais para eu experimentar) e do monte de controles remotos diante de nós. Bom, resumindo, ficamos naquele sofá o dia todo e engatamos um filme atrás do outro, dvds e filmes de televisão, quase sem nenhuma interrupção. E no final a nossa estranha lista foi a seguinte:
1) Meu tio matou um cara
2) Tiros em Columbine
3) Vida de inseto
4) O dia da marmota
5) Didi, o cupido trapalhão
6) Ônibus 174
7) Hercules (o desenho da Disney)
8) Constantine
9) O silêncio dos inocentes
10) Quase dois irmãos
Não sei o que nos deu de fazer essa estapafúrdia maratona de cinema. Óbvio que ao ver dez você não vê nenhum. Também não podemos dizer que alternamos um filme “fácil” no meio de dois “difíceis”, pois os filmes 3,4 e 5 são facílimos e vieram em seguida, assim como o 8, 9 e o 10, são meio pesados e ficaram juntos. Também não distinguimos documentários de filmes de ficção ou comédias, tudo veio como o acaso mandou, na maior bagunça, como o roteiro do filme do Didi.
Aliás, que filme mais doido esse do Didi, estou chocada: além de ter o maior número de celebridades por minuto, tem tudo, absolutamente tudo que “vende” no mundo do consumo, sem nenhuma preocupação com a qualidade: mulheres gostosas nuas, homens malhados sem camisa, crianças meiguinhas, gente famosa, piadas de duplo sentido, gags batidérrimas e sem graça, cantores sertanejos, a Kelly Key, pets fofos, anjos e diabos, cenas românticas no meio do mato, Shakespeare, um Romeu-cantor-Daniel , e, capitaneando tudo isso, o grande e sensacional Renato Aragão. Pra mim o cara é um gênio. Falaverdade.
Mas voltando ao zapeado domingo, foi a aleatoridade da escolha, surgida ao acaso com o controle remoto na mão – e claro que incentivada por um adolescente - que nos permitiu ir além e continuar assistindo a mais um e outro, de um modo, digamos, completamente sem controle. "E agora? E agora? E agora?", dizíamos um ao outro, rindo.
Pois é. Isso é algo que o controle remoto e os diversos canais da NET nos permitem nesse nosso mundo: se nos rodízios de comida, de pizza ou sushi, nos empanturramos mesmo sem fome, apenas pela idéia do descontrole gratuito, percebo que diante da TV podemos fazer a mesma coisa. E é algo bobo, pois é a mesma coisa da comida - você acaba priorizando a quantidade ao invés de priorizar qualquer tipo de qualidade. Na verdade, vamos ser claros: é uma coisa absolutamente ridícula um ser humano ficar quase vinte horas na frente de uma tv. E vamos ser mais claros ainda: eu sou um ser humano absolutamente ridículo que fiquei vinte horas na frente da TV, e ainda por cima com um filho ao lado, dando exemplo.
Convenhamos, dona Franka.
Claro que eu posso tentar ser mais inteligente e falar de todos os filmes que assisti, afinal muitos eram muito bacanas e recomendo, mas obviamente depois de empanturrada de cinema, tramas, personagens, nada se sobressai e minha cabeça ainda está meio confusa.
E a única coisa que me vem à cabeça é um frase do Didi:
- Pelas barbas do Luis Inácio!

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