terça-feira, 20 de junho de 2006

as fitinhas



A burrada aconteceu na sala da casa da minha mãe, no domingo de páscoa. Estava com a minha irmã e uma prima na sala, depois do almoço, tomando café e bicando os ovos de páscoa dos filhos. A sala estava a maior bagunça. Espalhado pelo lugar estava aquele monte de papel de ovo e fitas. Papel de ovo quando sai do ovo triplica de tamanho.
Foi quando eu peguei um monte de fitinhas e fiquei brincando com elas, meio sem perceber. Amarrei uma no braço, umas no tornozelo, outras na mesa, na bolsa, no dedo.
Não sei porque eu fiz tamanha idiotice. Fita de ovo de páscoa não é igual a fitinha do bonfim, que dissolve em três meses. E a questão é que, depois que eu amarrei aqueles negócios em mim, eu passei a associar as fitas à um tipo qualquer de sorte. Para que que eu fui pensar isso, gente. Ô arrependimento. E desde esse dia que eu acho que se eu tirar alguma delas alguma coisa que eu quero que dê certo vai dar errado. Das coisas mais bobas até as mais importantes.
Se eu tirar a fitinha não chego na reunião a tempo. Se eu tirar a do pé não emagreço. Se eu deixar a fitinha no lugar arrumarei uma editora e ficarei famosérrima. Se eu tirar o meu carro não conserta. Se eu deixar eu chego no horário no dentista. Se eu tirar o projeto não vai dar certo. Se eu tirar o almoço que vou fazer aqui em casa dá errado. Se eu deixar a festa que eu vou vai ser um sucesso. Se eu tirar não viajo pra Portugal nunca.
Gente, que desgraça. Eu não sei mais o que faço. Desde então todo meu futuro está ligado a essas horríveis fitinhas de ovo de páscoa. E elas aqui, grudadas em mim, firmes, fortes. Indestrutíveis!
Domingo eu decidi. Chega. Coisa mais idiota uma pessoa da minha idade com esse monte de fita estragada e desfienta na perna e no braço, onde que já se viu. Bobagem máxima, tire isso já dai, pensei, corajosa.
Tirei tudo, desamarrando uma por uma.
Foi um alívio imenso.
Bem. No intervalo do jogo, comentei por alto essa minha libertação para alguns amigos que estavam aqui assistindo o jogo. Foi quando todo mundo me olhou, pasmo.
- O quê? Você tirou antes do jogo do Brasil? Óbvio que o jogo está zero a zero por sua causa! - todo mundo disse em uníssono.
Fazer o quê, né? Coloquei tudo de novo.
E vejam, dois a zero!
Oquei, gente, podem ficar tranquilos que não vou ser eu a culpada de nenhuma derrota, peloamordeDeus.
Mas depois da copa eu tiro!

Nenhum comentário: