sábado, 18 de março de 2006

a manchinha no teto


Hoje acordei atrapalhadíssima, pois perdi a hora e meus filhos quase perderam umas tais provas importantíssimas.
- Mãããe! – entrou o Chico no meu quarto, desesperado – Olha a hooooora!
Que susto. Dei um pulo e corri pra o quarto da Nani.
- Acooorda Naaani!Olha a hora, tem cinco minutos!
Saco. Parecia que ia chegar um tsunami. Em questão de trinta segundos, minha vida entrou num estressante clima de “salve-se quem puder”, onde só tive tempo de pegar a bolsa, um casaco de lã (vai entender!), vestir uma havaiana e despencar escada abaixo até o carro.
Deixei todo mundo na escola e voltei resfolegante. Cheguei muito brava em casa. Chega. Não quero mais ser eu a responsável pela hora de toda uma família. Aliás. Aliás de novo. Uma pessoa como eu não pode ser responsável pelos compromissos de tantos adultos e adolescentes. Gente, eu sou muito desorganizada. Sou de uma irresponsabilidade total. Eles não têm a mínima idéia do perigo que correm ao estarem nas minhas mãos. Simplesmente não consigo nem saber o que tenho que fazer na segunda que vem, quanto mais pensar na vida dos outros. Esse blog, por exemplo, é uma coisa praticamente suicida, pois eu decido o que colocar minutos antes de colocar.
Nada é programado.
É como aqueles matinhos que nascem no meio da grama.
Apenas nasce.
Eu apenas sento e escrevo.
Pimba, post.
Essa coisa da desorganização me persegue a vida toda. Eu perco muito compromisso, esqueço reunião de escola, esqueço de retornar telefonema. Esqueço de comprar, esqueço de ir, esqueço de fazer a unha, esqueço da depilação, esqueço do presente, esqueço de dormir. Minha agenda é um vexame. Eu costumo me engambelar quando não tou muito a fim de fazer alguma coisa, e, além de tudo, vocês sabem que eu minto.
Pouco, mas eu minto.
Atualmente acho que tudo piorou por causa do mundo virtual, pois aqui os compromissos e as horas são outros. Normalíssimo uma pessoa comentar teu blog às 3 da manhã. Ninguém nem liga. Normalíssimo postar as sete e meia da manhã, tão normal quanto postar onze da noite ou duas da tarde. E, na minha opinião de maria-zoneira, isso que é delicioso.
Bem, resumindo, sábado era dia de dormir mais um pouquinho, mas obviamente não consegui. Voltei, tomei um banho e me deitei, suando um pouco. Todos já haviam saído. Ouvi apenas o barulho do aspirador de pó e da louça sendo lavada. Faz sol e ainda está um pouco de calor.
Olhei o teto. Nada além daquela única manchinha preta que fica perto da porta do armário. Todo o dia aquela manchinha me engana se disfarçando de pernilongo. Pernilongos me tiram o sono. O que deveria me tirar o sono não tira, o que não deveria tirar tira. Dizem que isso se entende com psicanálise, mas só entender não adianta. É preciso entender e achar uma solução. Não sei bem se adianta não ter problema nenhum. Ninguém é totalmente sem problemas. Se alguém for, vive do que? Escreve para que? Trabalha para que? É preciso ter problemas. Os pernilongos devem incomodar. O dinheiro deve dar medo. A gente deve esquecer as coisas sem graça. A rotina deve ser chata. E os esquecimentos ... ai.
O que eu ia falar mesmo?

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