terça-feira, 4 de outubro de 2005

sim! não! sim! não! sim!



- Diga não, vote contra! – falou uma voz no rádio. E sabe o que a voz defendia? O “sim” para a venda de armas.
Eu queria fazer algumas considerações sobre esse negócio do referendo das armas.
Primeiro que eu não consigo falar “referendo”.
Sai “reverendo”.
E me dá vontade de fazer aquele gesto de cumprimentar os padres e sacerdotes.
Benção, reverendo.
Mas não é isso que eu ia falar. O problema do referendo é a pergunta.
A pergunta está errada, confusa e mal formulada. Por causa disso, para mim, a resposta que temos que dar está ao contrário. Eu não consigo dizer com clareza se estou a favor ou contra, e tenho certeza que muita gente vai referendar o oposto.
Olha. Alguém me explica porque, se eu “não” quero armas, eu tenho que falar “sim”? E porque o “sim” é o número dois e o “não” o número um e não ao contrário? Ah, desculpa gente, mas sim, o positivo, tem que ser o um, e o não, o negativo, tem que ser o dois. Começar com um"não” é uma coisa muito baixo astral.
Olha, pode parecer que o que digo é bobagem, mas é irritante essa coisa ao contrário desse referendo. Ao invés da gente apenas responder um sim ou um não, a gente sempre precisa explicar. Eu me confundo toda. Uma vez eu disse que eu desconfio de tudo que eu não entendo, e vou dizer mais - eu também desconfio de tudo que eu confundo. A pergunta desse referendo, para mim, foi feita para confundir. Ou é muito mal formulada ou a pessoa que escreveu estava com má intenção. Se eu não quero armas, deveria falar não, certo?
Errado. Se você é contra as armas, tem que falar sim. Sim ao “desarmamento”.
Escuta, chega. Isso para mim é uma enorme confusão.
Atenção: sou contra a venda de armas.
E benção, reverendo.
(obra, uma canja do zérramos - obrigada, Zé, valeu!)

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