quarta-feira, 7 de setembro de 2005

o milagre ao contrário


Uma terça feira antes de um feriado.
Acabei de buscar o João na escola. Ele ia ficar lá para jogar bola, mas me ligou pois começou a chover muito forte. O dia ontem estava estranho. Pela manhã estava apenas nublado, mas, de repente, a troco de nada, escureceu completamente, fez-se um vento súbito e começou a cair muita, mas muito água.
- Mãããe - ele gritou do orelhão - Vem me pegar? Está chovendo muito aqui!
- Espere uns 10 minutos e eu saio. Se eu for agora, você vai se molhar todo para entrar no carro.
Dali a pouco, fui. Só garoava. O menino entrou no carro.
- Nossa, mãe, que coisa estranha.
- Porque?
- Foi assim. Acabou a aula e a gente ia jogar bola no campão. Estávamos conversando, estava tudo bem, tranqüilo, a gente rindo, quando de repente... veio aquilo.
- A chuva?
- Aquilo não era chuva, mãe. Sei lá, foi uma escuridão, um fim de mundo. Um horror... - e ele pensou um pouco - Olha. Acho que aquilo foi como um milagre ao contrário.
- Milagre ao contrário?
- É. Como uma desgraça, desgraça não é contrário de milagre? Mas desgraça tem morte, tragédia, que é coisa pior.
E ele me olhou sério.
- Olha, mãe, aquilo que aconteceu com o tempo foi apenas uma milagre ao contrário. Sem desgraça.

Nenhum comentário: