segunda-feira, 5 de setembro de 2005

as chaves do futuro



Uma das grandes questões do mundo moderno, ainda não totalmente discutida, é a senha.
Ontem falei sobre números de telefones e alguém se lembrou delas. Para tudo que a gente faz hoje em dia, precisamos de uma senha. E o ideal é que as senhas sejam memorizadas, nunca escritas ou anotadas, para garantir a sua confidencialidade.
Ora, as senhas são as chaves do mundo virtual. Por trás de cada uma delas há um segredo, assim como atrás de cada porta existe um tesouro. A coisa tem mais sentido ainda se considerarmos que uma porta na Internet é praticamente uma porta no meio da rua. Imagine uma porta aberta em plena rua. Se a porta for num local movimentado, pior. Um perigo. Por isso, dá-lhe tetrachave, ops, tetrasenha.
Tem a senha do banco, a do computador, a senha do Orkut, do blogger, do haloscan, do avatar, do UOL, do Hotmail, do grupos Yahoo, do cadeado da mala, do Skype, do elevador da obra, do cartão redeshop. E nem sempre dá para colocar o mesmo número em todas.
Acho que daqui a pouco todas as chaves do mundo virarão senhas. Vamos ter senha do carro, senha da casa, senha do escritório. Ao invés de usar chaveiros, usaremos senheiros. Engraçado pensar num objeto que não existe. Como serão os senheiros? Ficaremos em pânico ao perdê-los? Teremos cópias dos senheiros? Indo além nessa mesma linha de pensamento, se eu fosse chaveira hoje em dia estaria apavorada. Esse é o típico emprego que está em franca extinção. Os chaveiros do mundo deveriam começar já uma campanha, “salvem os chaveiros, diga não aos senheiros”. Aliás, “senheiro” é uma profissão em ascensão, preciso dar essa idéia aos meus filhos, que logo entram na vida adulta: monte hoje um empresa desvenda-senhas séria, com profissionais competentes e honestos que com certeza você ficará rico no futuro.
Engraçado isso.
Imagine-se no futuro chegando em casa depois de um mês de férias e esquecendo a senha da casa.
- Querida, não adianta, não me lembro!
- Amor, não esquente a cabeça. Vamos chamar o senheiro do papai, que ele é de confiança. Você sabe, depois da esclerose ele precisa do rapaz todos os dias.
E óbvio. Existirão os personais-senheiros, para aqueles que não prestam atenção em nada.
Agora sério. O problema é que a senha é um negócio que depende só da nossa cuca. E olha, não é por nada não, mas é um perigo uma coisa depender só dos nossos miolos. No caso das senhas, eu confesso, eu uso métodos de memorização absurdos, como aqueles da crônica anterior. Numero do começo do RG com a data do nascimento do filho com o aniversário da avó. Número da casa com o número do armário do clube. Numero do cep da casa antiga com o a letra do nome do vizinho. O problema é lembrar.
Aqui em casa tivemos que criar até uma senha-palavra para a empresa de segurança. Quando o alarme dispara, eles telefonam e temos que dizer a senha se tudo estiver bem. Mas criamos uma senha tão engraçada e absurda que a cada vez que o alarme dispara, temos todos um acesso de riso.
Já no Skype eu tive que me inscrever de novo. Deve existir uma Lúcia Carvalho perdida lá dentro porque a dona da conta, no caso eu, perdeu a senha. E nesses casos, como não custa nada fazer outra inscrição, me abandonei na net.
Não foi a primeira vez que perdi coisas por causa da senha. Perdi um texto que eu adoro por causa de uma senha. Aliás, um dia eu criei um arquivo “senha” com todas as minhas senhas, mas coloquei uma senha diferente das minhas senhas para entrar no arquivo senha e babau. Tranquei tudo para sempre. Está tudo aqui comigo, mas inacessível.
Mas eu morro de medo mesmo é de esquecer a senha do blogger. Já imaginou não poder postar por causa da senha?
Frankamente...

Nenhum comentário: