sexta-feira, 9 de setembro de 2005

antes e depois


Tá, vocês pediram e aí vai: o antes e o depois da Marisa Letícia. Vejam. Os lábios cresceram, estão inchados e não é tombo nem excesso de beijo.
É botox ou silicone.
Óbvio.
Fiquei com esses labões na cabeça o dia todo. Mas além dos labões, tem outra coisa esquisitérrima que as mulheres andam fazendo com suas bocas. É um tratamento que faz os cantinhos da boca subirem, como se a mulher tivesse sempre sorrindo. São injeções que, por algum motivo, levantam as laterais da boca, como se você fosse o .... Ronald Mac Donald. Aliás, considerando-se a quantidade de tintura vermelha existe por ai, muitas de nós estamos realmente parecidas com ele.
Esse tratamento é das coisas mais estranhas que já vi. Minha mãe encasquetou de fazer, outro dia. Queria porque queria.
- Vou fazer. Quando a gente fica velha a boca cai, filha.
- Mãe, cai nada.
- Fica murcha, feia, não tem jeito. Você ainda é moça. Espera chegar nos sessenta, como eu.
- Você está ótima. Não tem nada de caído na sua cara.
- Tem sim. Minha boca. E os cantinhos dá para levantar.
- Como se você usasse pregadores de roupa, você quer dizer.
- A doutora falou que fica bem bonito – ela me mostrou, segurando a boca com a mão.
- Você quer ficar com essa cara de varal? Só falta colocar botox. Com botox no meio e injeções dos lados, mãe, você vai parecer um lençol na ventania.
Quase que ela fez, a maluca da minha mãe. Só não pôde porque toma um remédio que não podia misturar com outras drogas.
Ufa.
A Mônica Waldvogel fez, eu tenho certeza. Basta observá-la no saia justa. Ela fica rindo-séria, parece uma boba. Fiz um outro antes e depois dela e coloquei ai em baixo.
Eu também já quase fui seduzida pela hipnose botoxiana. Uma vez fui num dermalologista super bem recomendado para tirar umas pintinhas do braço e da barriga.
O cara era todo bacanão. E sedutor. Primeiro ele me elogiou, falando super bem da minha pele. Olhou minhas pintas, tirou uma delas rapidinho e voltamos para a sala de consultas. Ele me deu uma receita e, do nada, me olhou de novo e levou um susto teatral.
- Que foi? – perguntei, assustada.
- Nossa. Sua testa, lúcia.
- Que é que tem a minha testa?
- Uma pena, tsc... uma pele tão boa como a sua, bem que você podia tirar essa linha de expressão entre seus olhos. Você fica com um rosto muito preocupado, muito tenso – disse o sem vergonha do médico vendedor de botox – Já pensou nisso?
É horrível quando alguém vê algum defeito na gente. Eu me senti a maior feiosa, mas fiquei firme. Desgraçado.
- Eu? Imagina. Uma ruguinha de nada. Nunca me preocupei.
- Mas devia. Você envelhece demais com ela.
Ai que raiva daquele mediquinho.
- Olha... – e ele começou a falar baixo, como se me contasse um segredo – ... amanhã vou aplicar botox numa paciente. Não vou usar a ampola toda, e, se você quiser, posso colocar um pouco em você – ele fez uma pausa e sorriu - Pela metade do preço. É que quando abrimos uma ampola temos que usá-la toda.
Meu queixo caiu.
- Hã?
- É pegar ou largar.
- Doutor, o senhor está me propondo colocar um botox de saldão? É um tipo de liquidação? Não, obrigada. Adoro a minha ruga. É herança do meu falecido pai.
Ele ficou sem graça, disfarçou e eu nunca mais voltei ali.
Olha. Não adianta a gente querer levantar as coisas já caídas. Ou arrumamos um modo de descobrir beleza na idade ou nos transformaremos numas palhaças com cara de travestis.
E o que eu disse pro mediquinho é verdade. Adoro a minha ruga no meio dos olhos. É a grande herança que meu pai me deixou.

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