segunda-feira, 28 de março de 2005

aqui com meus botões



Na semana passada o Marcelo Coelho, colunista da Folha de São Paulo (eu adoro ele), falou sobre os botões dos equipamentos da nossa vida moderna. Há algum tempo que eu também reparo nisso: antigamente nos girávamos tudo quanto é botão e manivelas para ligar, desligar, mexer ou mudar os equipamentos. Agora não, agora apenas apertamos botões. Até para abrir o vidro do carro ou a persiana do quarto apertamos levemente um botãozinho. Somos a geração do “simples toque”.
É muito chique dar apenas um simples toque.
Buzzz.
Ei, será que isso vai mudar alguma coisa substancial na evolução humana? Outro dia li que a geração dos filhos da gente tem uma agilidade no dedão muito maior que a nossa, por causa do joystick do vídeo game. Que foi comprovado que a musculatura do dedão das crianças é bem mais desenvolvida que a dos adultos. E a notícia concluía notando que as crianças e adolescentes teclam os telefones celulares com o dedão, ao contrário dos adultos, que usam o indicador.
Será que no futuro seremos uma espécie humana com super dedos?
Viche...
Fala, Marcelo:

“... Durante muitos anos, tive preguiça de pegar filmes na locadora, mas, desde que ganhei um DVD, há alguns meses, viciei-me de novo naqueles passeios sem fim entre as prateleiras, na busca de novidades ou velharias. O velho videocassete me dava preguiça; rebobinar uma fita tornou-se operação tão arcaica quanto girar uma manivela para ligar o motor do carro ou falar com a telefonista, coisa comum nas décadas de 20 e 30.
Não que eu seja desse tempo, que bem mereceria o nome de tempo das manivelas: gramofones e câmeras de cinema mudo também funcionavam assim. Pertenço, entretanto, à era pré-digital, período em que, com manivelas ou não, o movimento circular era predominante nos aparelhos tecnológicos: o telefone tinha de ser "discado" e, para escolher o canal da TV, era preciso girar um grande botão, semelhante a uma roleta de rifa com pouquíssimos números, em vez de simplesmente apertar a tecla do controle remoto.
Para aumentar o volume do toca-CDs, mudar a estação do rádio, baixar o vidro do carro, tudo agora depende apenas de deixar o dedo pressionando a tecla durante o tempo necessário, sem nenhum esforço físico. Uma espera no tempo, em vez de um movimento no espaço, é tudo o que se exige do usuário; e, se qualquer vestígio de fadiga muscular se elimina com esse progresso tecnológico, os sentimentos da impaciência e da pressa naturalmente se acentuam no mundo digital. É claro, pois não somos nós quem está realizando o serviço...”
Marcelo Coelho,Folha de São Paulo

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