os dípticos
Segunda feira de manhã. Despencou uma das persianas daqui do escritório. São duas peças para completar a janela, e uma delas veio abaixo na sexta. Como a janela fica atrás de mim, agora a luz do dia faz reflexo na tela e eu quase não enxergo. A tarde as coisas vão piorar, pois virá o sol... Bem. Pelo menos o que vejo aqui na frente, junto com as letras, são plantas e um tom de amarelo bonito.
(Reinaldo! Help!)
Achei aqui na mesa o caderninho dos "dípticos", meu e da Silvia. Peguei para mostrar para alguém no sábado e esqueci sobre a mesa. É um caderno pequeno, onde em casa página existe dois desenhos, um meu e um dela. Eu a desenhei e ela me desenhou, simultaneamente, durante alguns meses, em encontros regados a cerveja e cigarro na área de serviço aqui de casa (um altelier improvisado, cheio de roupas e baldes), e depois juntamos os pares, fotografamos e montamos o caderno.
É maravilhoso.
São cinquenta desenhos-pares, que chamamos de dípticos, que se completam e que conversam como nós conversamos naquela noites de 2001. Falávamos das cores, dos abismos, das risadas, das rosas, das pedras, dos sais e dos desejos - tudo, menos das agruras do cotidiano.
O caderno, todo preto e branco, foi a conclusão da nossa conversa. Selamos mais uma enorme brincadeira, entremeamos os desenhos com algumas frases e pensamentos, fizemos apenas 3 exemplares (foi um tipo de numerologia instintiva) e guardamos essa parte da vida.
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