sexta-feira, 19 de novembro de 2004

atrás das montanhas 1



atrás das montanhas 1

Ah, que saudade do tempo que o arquiteto projetava tudo numa obra.
Explico melhor: hoje em dia, para se fazer um projeto e uma obra de uma casa, não basta um (1) arquiteto e um (1) engenheiro. Precisamos de mais de vinte profissionais especializados para fazer mais de vinte projetos e mais de vinte engenheiros especializados que tem que fazer obras paralelas. Ninguém se entende, a posição de líder se confunde, ninguém sabe a quem deve obedecer e o que acaba prevalecendo no processo todo é assitirmos a vitória daquele que melhor domina o grupo.
Muitas vezes o pobre do arquiteto passa longe, lá longe.
E perde-se completamente a idéia da obra, se é que ela existe ainda, nos projetos atuais.
Antes faziamos projetos assim (era bem simples, embora pareça que não - hoje que as coisas são complicadas): Você projetava a casa e a estrutura juntas. Assim aprendi com meus professores. Impossível pensar arquitetura x estrutura em dois tempos diferentes. A construção tinha que ser mágica e bela com a estrutura. Desprezávamos aqueles que faziam cenários. Aquilo era falso, era reles.
Assim, projetávamos nossos edifícios e suas estruturas, para depois estudarmos o programa, seus fluxos e relações, até chegarmos nos detalhes.
Tudo junto com o desenho da cobertura, com o desenho dos jardins, com a iluminação e com os forros da casa, tudo, absolutamente tudo dependia de você. Quanto precisamos de luz num quarto? Ora, era você que definia isso, afinal, você que sabia quem ia morar ali e o que se adequava melhor ao seu projeto.
Jardins? Você definia como seria, e até o que se plantaria ali.
Sei lá quando começou essa coisa da especialização e como as pessoas se adequaram a isso. Mas é triste ver um arquiteto parar a planta na soleira da porta, pois dali em diante é território dos paisagistas. É mais triste ainda ver profissionais se recusarem a desenhar uma planta de forro, ou não saberem palpitar sobre a posição de uma luminária. E é mais, muito mais desesperador ver arquitetos desprezarem a estrutura dos edifícios como se aquilo fosse uma coisa menor.
Tou berrando mesmo. Onde isso vai parar?

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