segunda-feira, 27 de setembro de 2004

o churrasco do Zé

Segunda feira, final da tarde.
*

- Zé, vou convidar algumas pessoas para um churrasco no sábado.
- Sábado agora? Esse?
- É. Umas vinte pessoas.
- Putz, vinte, Lú? É muito... Eu vou ter que trabalhar demais, nem vou aproveitar.
- Mas Zé, desses vinte pelo menos dez são homens e teus amigos. Eles te ajudam.
Ele deu um pulo, apavorado.
- O quê? Tá maluuuca?
- Eu? Maluca porquê?
- Hahaha! Você quer colocar outro homem na frente da minha churrasqueira? Nunca! Para ele estragar tudo? Jamais! Para ficar dando palpite? Nem pensar! Para depois pegar os méritos no meu lugar? Hahaha, essa é boa. O meu churrasco é maravilhoso, o deles um carvão, ora, essa é boa...
- Nossa Zé, que exagero. Eu falei que era para eles te ajudarem...
- Olha Lu, vou te explicar uma coisa. Churrasqueira é uma coisa pessoal do homem. Uma coisa masculina, nossa, que a gente cuida. Como... como a esposa da gente, ou como... a caixa de ferramentas. Não é para ninguém colocar a mão. Por falar nisso, onde foi parar aquela minha chave de fenda pequena? Um absurdo. Pegam tudo da minha caixa de ferramentas e ninguém devolve.
- Zé, mas e o churrasco? Posso ou não convidar?
Ele deu um longo suspiro, resignado.
- Você disse vinte pessoas? Ai, ai... Eu faço sozinho, pode deixar. Eles vão ver o que é bom pra tosse. Ora bolas, imagina outro cara vir meter o bedelho no meu churrasco...

*

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